Adorei o livro ” O planalto e a estepe “, no início fez-me reviver os anos de estudante, no Lar Ultramarino de Lisboa.
As farras todos os sábados, em variados lares de estudantes, predominantemente ultramarinos, nos anos setenta. Desaparecia destas festas nos inícios de Abril para me concentrar nos estudos para os exames: “Então não vais, não, não” era a minha resposta, mas no ano letivo seguinte lá aparecia eu, de novo e no meu parecer, do agrado de todos.
Esta convivência permitiu-me conhecer malta de todas as ex províncias ultramarinas, o que foi sem dúvida uma mais-valia para mim, assim como conviver numa mesma residência com pessoas de origens tão distintas.
Mas as partes mais extensas desse livro pouco tiveram que ver com a minha experiência de vida pessoal, quer a vivência em Argel ou Moscovo, quer a vida de guerra em Angola ou os credos em rituais de curandeiros/mal-olhados.
Uma das frases desse mundo desconhecido para mim e que transcrevo “Curiosamente, as mulheres argelinas de classe média, as tais que são menorizadas pela religião e as tradições machistas, são as primeiras e as mais obstinadas a defendê-las.”
Há bem pouco tempo, uma amiga comentou “no voo de Londres para um país árabe, nenhuma mulher entra de burka, à saída do voo, estão todas de burka”
A frase e o comentário, distam décadas e a transição de um século.
Não bastam os sonhos da nossa juventude para um mundo melhor, os “roubos, perdas, desvios” (transcritos do livro) cá continuam.
Considerando os tempos atuais e em Lisboa, a compra recente de terrenos à Camara Municipal de Lisboa, pelo Ministério da Saúde, em milhões de Euros, como se a Camara não fosse uma entidade pública financiada pelos Lisboetas e o Ministério da Saúde que necessita de tanto dinheiro para melhorar os cuidados médicos, não fosse igualmente paga pelos nossos impostos, ainda me causa uma indignação e revolta dignas da minha juventude mental.
Esta engenharia financeira não tem proveito para o contribuinte, melhor todos nós ficamos a perder.
Não há quem pense como eu, que a Camara deveria doar os terrenos para a construção de um hospital público???
Não bastam os nossos sonhos de juventude.