Lara S

Um bicho atropelado é mais engraçado

A franquia do Paul Anderson saturou uma Mary Sue que nem existe nos jogos, daí acharam que poderiam reparar o erro inserindo todos os personagens de dois jogos seguidos mesmo modificando suas respectivas personalidades. Quando elenco foi divulgado, muito reclamaram da diferença étnica, mas mal sabíamos que o buraco era mais fundo. Alem disso, não somente pela seleção de personagens como também pela alocação aleatória de caracteres dos jogos acreditaram que poderiam comprar o público, esperando que ignoremos o roteiro mal desenvolvido, as tramas toscas escritas para tapar os buracos de um filme desorganizado, zumbis andando de coluna ereta em linha reta, CGI mal feito, incapacidade de desenvolver todas as histórias devido a junção dos dois jogos e o consequente excesso de protagonistas -como também a exclusão de elementos relevantes pelo mesmo motivo- etc. A cereja do bolo foi a trilha sonora que parece ter saído da playlist do Spotfy do diretor.

É difícil encontrar palavras para dissertar sobre o meu dorama favorito. Parece ordinário por não destacar temas clássicos de doramas como romance -embora este elemento não esteja ausente em Reply 1988-, mas quem assistiu sabe o que é estar preso do início ao fim numa história onde cada capítulo é cativante, uma vez que conseguiram aproveitar a beleza e a alegria da simplicidade cotidiana. É um dos poucos doramas que me valeram a pena dar uma segunda chance -pois assim como muitos, acreditava que se não houvesse um casal ou uma trama intrigante, o dorama seria chato-, e fiquei muito feliz de estar enganada sobre meu preconceito.

O personagem principal é tão moralista e ainda por cima mané, que não é possível sentir empatia por ele em nenhum momento.

Não vou dissertar sobre o filme em geral, mas apenas destacar um aspecto controverso no enredo, o qual se refere ao amadurecimento dos personagens. Me refiro especificamente à forma como o filme se alonga em insinuar que Stephanie era fútil e desvalorizava quem a amava em prol de status, o que era verdade, mas ela ainda tinha como desconto ter permanecido em coma por 20 anos, de modo a chegar abrubtamente na fase adulta -ué, basicamente uma versão atualizada de "De Repente 30"-, enquanto seus amigos e colegas, os quais passaram pelo desenvolvimento adequado -supostamente-, ainda parecem conservar as neuroses adolescentes em igual nível. Por exemplo: Tiffany é presa aos seus anos de ensino médio e impõe à filha o que ainda queria ser e continua incitando conflitos por competitividade; Martha não superou os traumas de adolescência e enquanto diretora da escola, os projeta no ambiente que lidera sob a desculpa de igualitarismo, sem em nenhum momento questionar se os alunos realmente precisavam daquilo ou se queria apenas se sentir bem; e mesmo diante disso, somente Stephanie é julgada e pressionada a se reavaliar.

Três estrelas porque ainda não sei como avaliar. Se a protagonista não existisse ou pelo menos fosse coadjuvante o dorama melhoraria uns 60%. Além disso, reproduziram pela centésima vez o enredo clichê dos protagonistas que se conhecem desde a infância mas sem lembrar um do outro -mais um motivo pra diminuir a participação da Moo Young-. Se eu morder minha língua, aumento a classificação.

Não é tão ruim como propagam, na verdade, acho que o humor nonsense é um ponto a mais para o filme. Mas não dou 4-5 estrelas porque nem todas as histórias foram engraçadas, talvez por isso tanta gente detesta o filme.

É a adaptação de um videogame, então, não assisti esperando um primor da sétima arte, mas mesmo assim foi decepcionante. O enredo desfocado no Torneio deu ao filme uma atmosfera que destoa do resto da franquia, logo, o resultado é só meia dúzia de gente fantasiada brigando. Além disso, as cenas de ação não compensam o roteiro mal escrito, pois são muito rápidas e cheias de cortes, e se contentaram em nos entregar um fatality com uma personagem que simplesmente não lutou(???). Quanto à inserção de Cole Young, foi mais patética do que imaginei. Personagem mal desenvolvido, com menos carisma que os coadjuvantes e pior: o roteiro o fez ofuscar o Scorpion. A trama da linhagem é descartável. Se a intenção da produção era introduzir o público no universo de Mortal Kombat, uma tela preta com uns parágrafos ou um narrador fazendo um resumo de 3 minutos da história seria mais prático e eficaz, em vez de inventarem um arco meia boca. Enfim, se não houvessem errado tanto, seria mais provável que lançassem uma sequência, mas infelizmente duvido que isso aconteça. A fala do diretor sobre o Johnny Cage foi claramente uma desculpa por terem cancelado o segundo filme devido ao fiasco do primeiro.

Inesquecível. Além do bom enredo, os elementos culturais culturais fazem o filme simpático e agradável de um modo único. Gostaria de tê-lo visto ainda em criança.