Elisangela Lopes

“Ainda Estou Aqui” – Memória e Resistência no Cinema de Walter Salles Walter Salles entrega em Ainda Estou Aqui um retrato poderoso e sensível do impacto da ditadura militar brasileira, explorando memórias de dor e resiliência. No centro da narrativa, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro brilham em performances complementares e devastadoras. Torres carrega uma intensidade visceral, enquanto Montenegro é a personificação da dor de gerações que perderam tudo. A trilha sonora de Antônio Pinto é um lamento melódico, dando voz ao silêncio imposto pelo regime autoritário. Salles usa a ditadura não apenas como cenário, mas como personagem central, revelando o impacto brutal nas famílias brasileiras. Mais do que um filme de denúncia, é uma ode à memória e à liberdade, transformando a dor coletiva em arte inesquecível. Ainda Estou Aqui emociona e ecoa como um chamado para nunca esquecermos o preço da democracia.

É uma experiência única e profunda, que foge completamente do padrão tradicional de filmes de super-heróis. Joaquin Phoenix e Lady Gaga entregam atuações poderosas e intensas, criando uma dinâmica fascinante entre Coringa e Arlequina. A relação entre os dois é construída de maneira complexa, misturando loucura e paixão de forma hipnotizante. O uso de elementos musicais, que inicialmente poderia gerar dúvidas, acaba funcionando muito bem. As canções não são apenas acréscimo, mas sim recurso dramático essencial que nos coloca dentro da mente de Arthur Fleck, tornando a experiência ainda mais imersiva e perturbadora. A trilha sonora ajuda a intensificar as emoções e os delírios do protagonista, trazendo profundidade que enriquece a trama. O diretor Todd Phillips fez uma escolha ousada ao se afastar da violência explícita do primeiro filme, focando em uma narrativa mais introspectiva e psicológica. O filme explora de maneira brilhante a dualidade de Arthur, sua luta interna entre o homem e o Coringa, oferecendo uma reflexão mais profunda sobre o personagem. Esse mergulho nas questões psicológicas faz de Coringa: Delírio a Dois uma obra ousada e original, que nos desafia a olhar além das camadas superficiais do vilão. E que vilão! Ou será que não tem nada de vilão? Descubra por si!