Eu até tentei, mas nem a maior boa vontade do fã mais leal salva o desastre que é Matrix Ressuctions.
Mais uma das várias revitalizações que Hollywood tenta nos empurrar goela abaixo, Matrix 4 até sabe utilizar a nostalgia de maneira inteligente. O filme é quase um reboot, apesar de ser uma continuação direita da franquia.
Falar qualquer coisa aqui é beirar os spoilers, sendo que o filme tenta ser uma história complexa em seu inÃcio, ampliando os conceitos da Matrix e fazendo atualizações interessantes na estrutura da franquia. Não vou mentir: a primeira hora de filme é minimamente promissora, e você fica esperando ele engatar a terceira e te entrar um grande épico.
Mas é aqui que está o problema: a grande questão que o filme tenta te apresentar está somente no primeiro ato. Ali existe uma desenvoltura narrativa mais filosófica e misteriosa que o primeiro filme, que é resolvida de maneira muito rápida e desajeitada para abrir o segundo ato do filme, onde ele joga todos seus pontos fortes para cima e vira um grande Ex Machina.
Aqui, o filme peca na instituição de uma ameaça ou de uma razão; os personagens fazem as coisas pq eles querem fazer, e elas acontecem por que elas querem acontecer. Não existe um motivo, uma meta, não existe nada no roteiro que faça a jornada do herói ter algum ponto de virada. A força motriz do roteiro é a vontade alheia dos personagens, que obviamente não anula os riscos de seus atos.
Então, a história se apoia nesse contorcionismo para, a partir do segundo ato, virar um esquecÃvel romance de sessão da tarde. Toda a profundidade desenvolvida na primeira (e longa) parte do filme simplesmente não te leva para lugar nenhum, não teve nenhum propósito, e é deixada de lado para uma historinha mequetrefe de resgate da amada. (Sem falar nas falhas que esse roteiro preguiçoso tem)
No geral, Matrix 4 é um mar de ideias desperdiçadas, explicações rasos e personagens a mercê, que mais são vÃtimas do que culpados. Em Matrix 4 não há uma guerra, não há uma sentimento de revanche, não há nem mesmo a vontade de acabar com a própria matrix e salvar a humanidade. O que há é a inexplicável vontade dos protagonistas em fazer o óbvio para chegar a qualquer lugar. Era melhor ter continuado tomando a pÃlula azul.