André Gomes

A série incomoda ao telespectador não apenas pelo racismo evidente e asqueiroso latente na época, mas pela necessidade em criar uma tensão constante, sem deixar quem assiste respirar. E o excesso de tensão satura, deixa a série cansativa. O diretor se perde ao misturar misticismo, fanatismo e racismo, deixando arestas e apelando para a violência a todo momento. Tinha tudo para ser excelente, mas faltou equilíbrio entre as temáticas, o que comprometeu o resultado final (chega no meio e já queremos terminar logo para ficarmos livres). É aquele tipo de linha provocativa do Trier (quem conhece o diretor vai entender) que quase sempre passa do ponto, e muitas vezes mais no intuito de chocar do que qualquer outra coisa. Dá para fazer trabalhos excelentes levantando o racismo e com suspense bem trabalhado (sem ser forçado), um exemplo é o filme "Corra".

[Com spoilers] Verdadeiro e necessário! A obra ilustra, a partir de um conceito surreal, a maneira suscetível como as pessoas se deixam induzir pelo que não é real, ou por aquilo que é apresentado a elas. Nada mais atual do que o contexto onde despejam uma infinidade de ideias, conceitos e produtos que a maioria assimila de forma consciente ou não. Retrata bem o encantamento inicial do protagonista (Cage perfeito, digno de Oscar) quando todos sonham com ele (que passa de subcelebridade a monstro), recaindo no assombro quando tudo se transforma em pesadelos, inclusive dele próprio. O potencial marketing existente na ideia influencia a todos e a ele próprio, cada vez mais passivo diante de tudo, perdendo inclusive o casamento. Mostra também a bola de neve em que uma ideia se desdobra como produto a ser assimilado pelas massas (virando, literalmente, um produto que nos permite invadir sonhos alheios) . Um verdadeiro pesadelo surrealista onde o protagonista é engolido e é inerte ao tentar escapar (aceitando, inclusive, a troca do nome do próprio livro, reduzido e editado). Retrata também por tabela o "efeito manada", a cultura de cancelamento. Num mundo onde sobra pouco espaço às ideias e ao senso crítico , que cede lugar a um terreno imagético onde tudo está pronto, mastigado, não é necessário pensar sobre os absurdos do cotidiano, por maiores que sejam. Um humor absurdo e bem elaborado, que nos incita à reflexão). Genial, gostei muito.

A temática tinha tudo para criar uma história consistente, o que não ocorreu. Uma escola americana atual nunca teria esse nível de despreparo ao acolher uma criança autista. Os pais são superprotetores e já deveriam saber lidar com a situação, considerando a idade de 15 anos do rapaz. Aliás, deveriam fazer acompanhamento psicológico. Filme bastante forçado, sou corredor e uma criança de 15 anos nunca conseguiria correr uma maratona em um intervalo tão reduzido de tempo, ainda mais ganhar!!! Leva ao menos dois anos de preparação árdua. O rapaz negro que o ajuda poderia ter passado técnicas de corrida, pois o menino corre de maneira errada. O filme poderia ter focado na superação do rapaz sem exagerar e apelar para o sentimentalismo. Uma corrida de 10km já seria um grande feito, chegando em terceiro, por ex. Tentaram colocar uma trama com o prefeito que não se desenvolveu, o motivo ao qual se opôs à participação do garoto é o mais bobo possível. Todos os atores são de medianos a fracos, a mesma cara de paisagem, sem profundidade. O corredor é de uma paciência e serenidade inacreditável, passou do ponto. A atuação do rapaz autista ficou bastante caricatural (tentou de alguma forma emular o personagem de "The good doctor"). Infelizmente tinha tudo para ser um ótimo filme.

Ótimo elenco e fotografia, mas pelo alarde em torno do filme esperava mais. Tenta emular um pouco a estética de Tarkovski. Traz momentos e cenas perturbadoras, mas peca pela monotonia, e poderia ter aprofundado mais o roteiro. Aquele tipo de realização que teria tudo para se desenhar como um grande filme, mas fica no caminho.

Ótimos atores e fotografia, roteiro raso e inconsistente, traz a tona a superficialidade da burguesia de forma caricatural, os pais agindo como se estivessem em outro século e de forma teatral, forçada e infantilizada. Parece tentar mostrar a escravização do poder nas mãos de alguns. Parece uma cópia mal acabada do "Discreto charme da burguesia ", de Bruñel, só que busca chocar pelo grotesco e escatológico. A trajetória do protagonista psicopata fica forçada porque nunca há uma investigação sobre nada. Sem contar varias coisas que não fazem o menor sentido. Porque o velho ofereceria dinheiro para o rapaz sair de lá? A casa era dele, bastava mandá-lo ir embora! Enfim, inconsistente! Filme razoável, poderia ser menor. Não merecia ir ao Oscar, como a maioria dos indicados.

Patético! Subverteram completamente a natureza do personagem ao retratá-lo como nesse "filme". Nem mencionaram o conflito com o pai, não estabeleceram conexão alguma com o personagem e a história! Mais parece um desenho da Disney (completamente sem pé nem cabeça) de 2a categoria (mal feito,). Similar à merda que fizeram com a sequência de "Um príncipe em Nova York" O Wonka original era sombrio e introspectivo, longe de ser tão extrovertido! Filme de sessão da tarde, caricatural e extremamente forçado! As músicas não sustentam o roteiro inconsistente, e serviram para "encher linguiça ". Coerência zero! Se ele tinha chocolates mágicos (capazes de qualquer coisa) porque não os usou de cara? Acho que tentaram fazer algo mais infantil, mas ficou desinteressante para criancas ou adultos com algum bom senso e respeito à história original. Tentaram dar um ar de desenho animado...sim, poderiam ter feito algo mais infantil, porém mais inteligente! Comparem com algumas animações (Os Monstros, Toy Story), hahaha...está risivel! Enfim, completamente ridículo e caricatural. O ator principal se esforça mas não salva a cagada. Não merece nem o Framboesa de Ouro. Triste ler tantos elogios, o nível de exigência do pessoal tá bem fraco.