Acabei de terminar água viva de Clarisse Lispector e confesso que terei de ler muitas vezes para entrar em contato o meu íntimo cada vez mais. A obra tem a capacidade de transitar para além do tangível, nos revela a sombra de uma flecha no alvo ( frase inspirada em um dos eixos do livro).
O livro parece mudar para diferentes monólogos, pra conosco, pra com a personagem, pra até mesmo com outros animais que transcendem a espécie humana.
Principalmente em suas últimas páginas o(a) pintor(a) sai de sua liberdade de pensamento e se funde em sua liberdade imaginária, se assemelhando muito ao dadaísmo e aos nossos frutos imaginários que são desconexos da realidade.
E, adentrando a liberdade de pensamento, a mesma, embora selvagem, apresenta uma sinestesia com muito sentido, entretanto que não possui uma identidade é apenas aquilo(it).
Ademais Clarisse Lispector coloca em evidência nossas mortes e nascimentos a partir de um recomeço cíclico que é a vida. Outrora, utiliza diversas descrições de lugares e paisagem para descrever nosso eu mais misterioso e medonho, como por a gruta: uma pintura bela, mas cheia de medos, angústia, desespero e escuridão.
Com isso, podemos perceber que Clarisse Lispector é um sentimento que consegue com tamanha proeficiencia escrever, o que para eu e você, é impossível em palavras e pensamentos primitivos.