Bruno Real

Uma das melhores opções de filme/série disponíveis na Netflix em 2024. Vejo mais como um filme longo dividido em capítulos, em versão do diretor, do que uma série em si. Sem pressa, sem a dopamina característica dos novos tempos, Ripley chama atenção inicialmente pela escolha de cenas em preto e branco (que, para além da escolha estética, sutilmente também se transforma em elemento do roteiro). Destaque também para o uso de um desenho sonoro criativo, quase sem trilhas e que se apoia em grande parte pela ambiência dos cenários e espaços de cena; onde a música é diálogo e o ruído, em diferentes momentos, é quase personagem. A atuação do time de atores talvez seja o único local de crítica, mas até neste ponto dá pra perceber propósito - quando Dickie (Johnny Flynn) surge e permanece sem alma em cena, é totalmente compreensível posteriormente. E temos a segurança de um Andrew Scott em ótima forma, segurando todos os eventuais escorregos de atuação, dando aulas e continuidade em momentos cruciais. Apesar da história conhecida, é uma peça totalmente diferente do bom filme de 1999. Suspense, arte e roteiro em sintonia, aposte!