Deni San

Amo esse livro com todas as minhas forças. Para mim, é como cavar em uma mina e descobrir a cada golpe da pá um novo diamante. O monstro de Frankenstein continua sendo um clássico que inspira autores das mais variadas vertentes com a relação criador/criatura. Porém, é o resultado psicológico desse embate que mantém a obra viva há mais de duzentos anos. Alguém que perdeu a probabilidade de futuro, pois não há esperança de felicidade para ele. Cria na vingança um meio de se agarrar a vida, atando-se a quem detesta como forma de continuar vivendo. Isto me parece tão atual que assusta. Já que em duzentos anos a solidão continua sendo um dos maiores terrores da humanidade. Shelley é maravilhosa, mas, como toda autora de uma obra muito antiga, precisa ser lida com o devido respeito ao seu tempo. Superada essa barreira, a recompensa é uma leitura rica e cheia de reflexões.

Demorou um pouco para engrenar, mas quando pegou, foi de prender o fôlego. A pequena loja de venenos fala de mulheres com experiências ruins, escolhas erradas, ilusões românticas e arrependimentos. Sobretudo fala de tempo. Esteja com 12, 34 ou 40+ uma mulher pode fazer novas escolhas e dar uma guinada em sua própria vida. Mas não se trata de autoajuda, muito pelo contrário. A narrativa segue o caráter investigativo, aumentando o suspense em torno dos acontecimentos do passado e as decisões de Caroline sobre seu casamento no presente. Contudo, nada foi mais surpreendente que as atitudes de um homem desesperado. Fiquei o final do livro todo torcendo por aquelas mulheres, para que uma chance surgisse. E, para o bem da minha angústia, houve um final feliz.

O livro foi surpreendente em muitos níveis A narrativa poderosa e nada complacente grita "deixe de ser boazinha". Fernanda instiga nossa bruxa interna a romper as grades do comodismo e da aceitação das imposições sociais. O que mais me atingiu foi a metáfora do casulo. Amarílis não se transformou no convencionalmente belo, mas no que era belo para ela. Sua metamorfose não lhe trouxe aceitação, mas poder. Poder sobre a própria vida. Outro ponto alto é a relação com o demônio Tolú. Não é um romance. Tolú é uma parte dela, sem maquiagem, sem disfarce. E quando ela o aceita como é, na sua "feiúra", ela está completa. O livro rasga roteiro cômodos e quebra pontes mornas. É maravilhoso!

Pela narrativa maravilhosa de Jay Kristoff, nada convencional, acompanhamos as aventuras de Gabriel de Leon, o santo de prata. Antes que você se iluda, Gabriel nunca foi um herói. É apenas um sobrevivente de um mundo apocalíptico. Jay serve tudo: irmãos de armas, mulheres fortes, batalhas muito bem descritas, spicy de ótima qualidade, permeados por diálogos interessantes que não menosprezam nossa inteligência. Sem contar com um dos relacionamentos homoafetivos mais românticos que já li. Que prazer foi ler sobre Aaron e Baptiste. A narrativa requer atenção devido a linha de tempo, mas nada que tire alguém do sério. No mais, aproveite essa história vampiresca da melhor qualidade.