Carlos Eduardo Abbud

Assisti ao filme no cinema. Dennis Quaid está perfeito no papel. O enredo é muito atual, se levarmos em conta os efeitos terríveis que a poluição, as queimadas (sobretudo nos países da Amazônia legal), o avanço da exploração econômica em áreas até o presente átimo preservadas têm causado. Acho que todos ficamos chocados ao ver o nível da devastação no pantanal. O que o filme mostra é uma possibilidade real. Assistam a "Soylent Green" com Charlton Heston e comparem com um possível mundo quente, escasso de recursos.

Mostrando uma faceta pouco conhecida da história asiática (a Coréia como parte do Dai-Nippon, isto é Grande Japão, que incorporava também Manchúria, Ilhas Kurilas, Formosa, após o tratado de Shimonoseki), o filme é cheio de surpresas que prendem a atenção do espectador do início ao fim. O discreto erotismo lésbico é um capítulo à parte. O elenco foi escolhido meticulosamente pelo talento e também pela capacidade de falar japonês com sotaque coreano. Houve vários momentos em que tive de apelar para a legenda para entender o japonês deles.

Somos educados para nos inserir em alguma facção. As melhores facções são as vencedoras. Os sem facção são os indesejáveis. No filme, os divergentes, na nossa sociedade são os marginais (toxicômanos, gays, minorias étnicas). A segunda parte da trilogia é mais interessante.

Desempenho magistral dos atores. Baseado nos arquivos do julgamento dos principais líderes do alto comando alemão e seu envolvimento no genocídio (holocausto/shoakh). Preto e Branco. Marlene Dietrich está deslumbrante. O diálogo final entre o advogado de defesa e o juiz é uma autêntica obra prima. O advogado desafia: "Aposto com você como dentro de 1 década ninguém mais condenará estes oficiais". Ao que o juiz (Spencer Tracy) responde: "Ao longo do processo pude perceber que o senhor é uma pessoa racional, lógica. Mas NEM TUDO O QUE É RACIONAL É JUSTO". Jamais me esqueço disto e vou mais além: NEM TUDO O QUE É LEGAL É JUSTO, se as leis não se baseiam na defesa da integridade do ser humano. Na Alemanha nazista, matar seres humanos era legal. Era justo? Matar homossexuais em muitas nações é legal. É justo? Só não dou 5*s porque o filme não fala coisa alguma sobre as mortes dos rom e homossexuais.

Um dos excelentes seriados exibidos pela TV brasileira. Só assisti ao 1º episódio uma vez e só então entendi porque Doug estava com aquela roupa: foi salvar Tony do desastre do Titanic. Os leitores devem estar a se indagar: por que só 3 *s? Resposta: se vocês assistiram aos episódios no Brasil, também acharam faltas imperdoáveis. 1)Nenhum episódio mostrando os sofrimentos impostos pela colonização europeia aos povos originários; 2)Nenhum episódio mostrando as grandes civilizações dos povos africanos; 3)Nenhum episódio sobre os horrores do tráfico negreiro. Por que? Espero que dentre os episódios só exibidos nos EUA - sim meus queridos: a série não passou integralmente para nós, tupiniquins! - estas faltas inexistam.