É mais do que parece ser
A partir da sinopse, Fahrenheit 451 parece ser uma história com uma lógica meio "boomer" - ler=bom, tecnologia=ruim, ou "na minha época não existia Google, eu tinha que sair de casa pra fazer pesquisa na biblioteca" e etc. Na verdade - ao meu ver - Ray Bradbury critica o consumismo, especialmente o de mídia escapista. Isso fica claro quando os personagens se mostram incapazes de sentir qualquer coisa mais profunda, têm medo de refletir e de conversar, e faz muito sentido, já que o livro foi escrito em 1953, bem no auge do cinema hollywoodiano e da guerra fria.
A narrativa e, principalmente, o final, são meio corridos, mas isso é porque Ray Bradbury escreveu o livro em 9 dias, se não me engano, alugando uma máquina de escrever em uma biblioteca de Los Angeles. A edição que eu comprei (Editora Globo, edição especial, 19 outubro 2020) vêm com vários textos no final, que contam a história do livro e do autor, o que ajuda a compreender melhor a história (por exemplo, por que Bradbury era tão fascinado por livros e bibliotecas).
Tinha muita curiosidade em ler o livro, porque a premissa me parecia muito interessante. Eu acreditava que ia ser um daqueles livros que mudaria minha vida. Não foi, mas mesmo assim recomendo.