Samuel Roveda

Indescritível a sensação de jogar isso na infância

O filme tenta criar vínculo emocional com o telespectador, mas fracassa miseravelmente, já que a maioria dos personagens não é desenvolvida o suficiente para nos importarmos com eles. Na verdade, eles só são jogados na trama para solucionar os problemas dos protagonistas, e imediatamente esquecidos e reduzidos a figurantes. Há um zilhão de frases de efeito cafonas que tentam passar um ar de sabedoria, mas acabam apenas soando como frase de traseira de caminhão. As atuações são caricatas, os diálogos são sofríveis. Para não dizer que eu apenas falei mal, posso dizer que, em alguns momentos, os efeitos visuais e a fotografia do filme são boas, e as cenas de ação, razoáveis. Porém, nada salva essa bagunça de Zack Snyder, que não passa de um emaranhado de ideias confusas tentando passar a impressão de que o filme tem algo a dizer que não seja nada.

Uma novidade necessária no saturado e cansado cinema hollywoodiano.

A caracterização mais interessante do Batman em qualquer filme, com reflexões sobre seus traumas, propósitos e sentido. É tão realista quanto a trilogia O Cavaleiro das Trevas, embora flerte com o fantástico de maneira tão natural que alcança uma beleza e uma poesia que o realismo cru de Nolan jamais conseguiu. As três horas passam voando em meio à escalada de tensão do roteiro. Trilha sonora imersiva, atores inspiradíssimos (destaque para Robert Pattinson e Colin Farrel), fotografia linda, ambientação sombria, melancólica e decadente, digna de Gotham City. Mas fica o aviso: não é um filme pipoca. Quem procura ação frenética, easter eggs e frases de efeito pode se decepcionar. É um (belíssimo) filme de detetive e deve ser apreciado como tal.