O filme Amores Solitários nos apresenta uma trama que explora as complexidades dos relacionamentos amorosos e o impacto do machismo, especialmente nas dinâmicas de poder entre homens e mulheres. A história foca em uma mulher escritora que se envolve emocionalmente com um homem mais jovem, cuja relação com a namorada está em crise. Desde o início, fica claro que o desequilíbrio de poder permeia o comportamento do protagonista masculino, que parece incapaz de lidar com o sucesso da namorada e busca refúgio na companhia da escritora mais velha.
O filme explora de forma sutil como o protagonista é atraído por essa mulher mais velha, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Uma das cenas mais fortes do filme acontece quando os dois ficam juntos, sem sexo explícito, mas a intensidade do prazer dele está claramente refletida na sua entrega emocional. No entanto, o filme não nos deixa esquecer a natureza superficial de suas ações: logo depois, arrependido, ele volta à sua realidade conflituosa com a namorada.
O desenrolar da história evidencia a dificuldade que muitos homens têm em lidar com o sucesso feminino. Quando a namorada do protagonista começa a ganhar reconhecimento entre seus pares escritores, o comportamento dele muda para pior. Seu machismo se manifesta na forma de ressentimento e insegurança, revelando como ele se sente ameaçado pelo crescimento pessoal e profissional dela. Essa falha emocional acaba culminando na separação, especialmente depois que ele descobre que ela ficou com um colega escritor.
Embora o filme mostre o protagonista “liberto” para seguir com a mulher mais velha, o final sugere um questionamento profundo: será que ele está realmente se envolvendo com ela por quem ela é, ou por se sentir fragilizado e em busca de validação? Amores Solitários aponta, de forma crítica, como o machismo afeta os homens, tanto quanto as mulheres, ao reforçar padrões tóxicos de comportamento que os impedem de lidar com seus próprios sentimentos e com o sucesso feminino.