Achei o livro tendencioso ao levar o tema para um debate raso que não afronta as obviedades do que já se sabe sobre a psicopatia; ou seja, o psicopata é o mal encarnado e o recado principal da autora é: cuidado! Vc pode, de repente, ser uma futura vítima.
O livro é um pouco repetitivo e parece uma retórica que se pronuncia e se esforça por realizar análises meramente criminais, justificadas pelo apelo da escritora de endurecer mais as leis e punir os assassinos, estupradores etc. O campo político, social, situacional que atravessa as cenas dos crimes é desprezado, e aí me refiro ao contexto condutor do crime, não tem muito destaque e atenção.
O capítulo, por exemplo, que discute a menoridade penal põe em baixo relevo o desenho socioeconômico que produz o menor infrator, tratado, muitas vezes, como o "psicopata" nos inúmeros exemplos em que aparece, sem hospedar no texto definições de cor, de relações e cruzamentos familiares, de se mora em periferia ou num apartamento em Higienópolis, se mora num centro urbano ou numa zona rural... Nada disso importa? O histórico de vida dessas pessoas pouco conta.
A mim, me pareceu um equipamento de leitura para quem se entretém com narrativas policiais. Esperava um estudo mais complexo, mais acurado, sobre a temática. Vou esperar um segundo volume da autora com um pouco mais de densidade e com uma análise técnica mais arrojada.