A princípio, o livro não me atraiu. Parecia que seria só mais um livro sobre produtividade, ao estilo "Menos é Mais", "Hábitos que todos devem aplicar", e outros desses princípios manjados. Por pura presunção, sempre desconfio de livros sobre produtividade, desenvolvimento pessoal, auto ajuda, e temas semelhantes.
Porém, julgar um livro pela capa, ou pelo título, não é uma prática agradável, por isso li. Foi uma surpresa o livro ser super leve, cômico em muitos momentos, e com alguns bons insights. Não é um daqueles livros padrão "life change", mas inverteu minha perspectiva em alguns pontos.
John Perry é filósofo, professor emérito de Stanford, e autodenominado como procrastinador crônico. Foi justamente procrastinando o trabalho na universidade que ele conseguiu terminar de escrever este livro.
A Arte da Procrastinação tem dois momentos: argumentos à favor da procrastinação, e técnicas para superá-la. O leitor poderá escolher entre a pílula vermelha ou a azul, por sua conta e risco. Adorei essa abordagem, porque o livro toma a procrastinação como algo possível de associar com a produtividade, e não como uma "falha de caráter" que deve ser exorcizada.
Na primeira parte, ele escreveu sobre seu "método produtivo" chamado "procrastinação estruturada", que para mim foi o ponto mais interessante do livro. O núcleo do método consiste na frase: "qualquer um pode fazer qualquer coisa, desde que fora do momento planejado." Ao invés de organizar-se de maneira lógica, John Perry prefere adicionar à variável da procrastinação, assim ele poderá concluir uma tarefa, enquanto procrastina outra.
Em resumo, John Perry substitui uma tarefa por outra. É um método paradoxal, pois sempre ficará algo para depois, mas isso cria a ilusão de estar procrastinando enquanto se faz algo produtivo. O autor retira todo o "hate" associado à procrastinação, afirmando que é possível ser produtivo, mesmo sendo um procrastinador crônico.
O resto do livro traz dicas para evitar a procrastinação, que qualquer vídeo sobre produtividade explica. Mas como o livro é curto, recomendo a leitura completa, pois o estilo do autor cativa bastante.