Tolkien era um contador de histórias. As obras do universo d'O Hobbit são histórias sendo contadas, e isso pode parecer óbvio, mas quero dizer que os livros têm um narrador que admite sua imprecisão. Isso se percebe repetidas vezes em passagens que citam ou traduzem lÃnguas antigas e o narrador admite ser uma tradução falha ou apenas uma aproximação de sentido e contexto.
É assim que gosto de encarar todas as formas de mÃdia desse universo: como tentativas de contar uma história antiga, passada de pessoa para pessoa. Nenhum dos narradores esteve lá; cada um conta como ouviu ou entendeu. Uns exageram, outros esquecem detalhes; alguns repetem a mesma história quinze vezes, de quinze jeitos diferentes. Os filmes são essas mesmas histórias, contadas por outras vozes. A série também.
A série, aliás, é divertida e agradável. Quando foi lançada, fiquei feliz por ter mais conteúdo sobre um universo tão bonito. Ela acrescenta bastante, especialmente no que diz respeito à cultura dos anãos - respeitando a nomenclatura. O mundo apresentado é realmente fantástico, e a caracterização está fenomenal.
Claro que há altos e baixos, mas continuo assistindo pelos altos. Minha sugestão é: veja a série sem preconceitos. Permita-se ouvir uma nova versão de uma velha história.