Poucos entenderam, realmente, a mensagem da série e, sim, ela fala sobre esquizofrenia.
(antes de prosseguir: contém spoilers)
E, nesse contexto, os reoteiristas, diretores e atores foram muito bem sucedidos!!!
Há artigos médicos que mencionam a esquizofrenia como a doença mais complexa da psiquiatria e, dois dos sintomas, e os mais frequentes, são os delÃrios e alucinações.
No final isso fica mais claro do que nunca: quando ele começa a relembrar tudo o que passou desde que mudou pra cidade; quando o irmão fala "você já chegou a pensar que essa batalha pode estar acontecendo somente na sua cabeça?"; quando a mãe relembra, com muita ênfase, a doença que ele tem; quando ele pega as HQs na caixa e começa a ler e perceber que cada passo da luta que ele passou estava ilustrado ali; e, mais importante, quando a batalha se encerra, apenas na mente dele, justamente num momento em que ele está passando por um processo de tratamento intensivo para a doença e os sintomas estão diminuindo gradativa e significativamente.
Veja que o fim da batalha coincide justamente quando ele "morre" na batalha e, na vida real, a namorada o dá uma segunda chance, pedindo pra que ele se esforce mais para vencer seus traumas de infância e viver o presente, ao lado dela, como uma "nova pessoa".
Então, sim, tudo aconteceu na mente do Magne. E, não poderiam ter escolhido melhor HQ para ilustrar isso: O Ragnarok!
Afinal, se os deuses e gigantes realmente existissem, que sentido faria eles viverem dentre os mortais?!
É óbvio que ficam muitas pontas soltas, sem as devidas explicações (mas como isso aconteceu na mente dele? como ele interagiu com tal personagem, se foi só na mente dele?), mas, se formos analisar ao pé da letra, nem Dark, que tem um enredo impecável, escapa dos deslizes das "pontas soltas".
Enfim, assim como Atypical foi genial ao dramatizar uma doença tão delicada como o autismo, Ragnarok conseguiu sensibilizar muitas pessoas (que não conheciam a esquizofrenia na sua essência) de forma muito inteligente e emocionante. A coisa mais difÃcil do mundo é ilustrar o que se passa na cabeça de um adolescente com essa doença, mas Ragnarok conseguiu fazê-la da forma mais brilhante possÃvel!