Sinopse; enredo e tema: Aprovado. Em uma telenovela de 155 capítulos é muito difícil falar integralmente os 49 anos de 2º Reinado. Os autores fizeram um recorte e pegaram em resumo alguns fatos históricos como a luta contra a escravidão, a questão Christie e a Guerra do Paraguai.
A escravidão e racismo: 1) É polêmico e delicado debater o assunto. Tivemos controvérsias. A maior delas foi na 1ª fase quando houve uma cena que sustentara "racismo reverso". Um erro grosseiro que não me impediu de continuar a assistir a novela e este deslize foi retratado pela autora. 2) Houve críticas sobre o casal protagonista da trama alegando muita passividade e normalidade entre um negro fugitivo e uma sinhá moça branca. Não sou contra o romance, pelo contrário, sou a favor e apoiei durante todo o folhetim, contudo, poderiam ter produzido mais cenas de resistência da sociedade neste contexto histórico ao encarar este romance inter-racial. Tivemos poucas cenas breves e fracas do casal protagonista sofrendo preconceitos. Um romance que não considero impossível, mas improvável. Ainda assim gostei. 3) Dois núcleos interessantes com uma causa em comum: "Os guerreiros" da pequena África usando a força física e do outro lado brancos abolicionistas usando a força intelectual e militante conscientizando a sociedade pelo fim da escravidão. 4) Resto fiel a história: fazendeiros escravocratas, escravos, fugas, assassinatos, cartas de alforria.
A questão Christie: Poderiam ter produzido uma cena de naufrágio que desencadeou o início da crise diplomática entre Brasil e Inglaterra.
Guerra do Paraguai: 1) Escolheram bem os atores representando Solano López e Elisa Lynch. 2) Uma guerra que durou 6 anos. Apresentou conflitos bélicos e a rotina dos soldados nos ambientes de batalha. 3) Cenas de Guerra: a pandemia prejudicou muito a produção. Ainda creio que um esforço maior para investir em chroma key e efeitos visuais e especiais trariam um resultado mais impactante e algumas vezes, repetiram cenas. Fizeram o melhor possível e saio satisfeito.
Personagens: 1) Os protagonistas fictícios tiveram mais destaque que aqueles que representaram a família real. 2) Adorei os vilões, aliás, um deles carregou a novela nas costas. 3) Alguns coadjuvantes roubaram as cenas! 4) Certos personagens cumpriram seus papéis históricos: deputados, ministros, senado, militares, latifundiários, fazendeiros, artistas, pesquisadores, estudiosos, medicina, advocacia, professores, mordomo e etc. 5) Núcleo cômico: zero! Se eu ri, não foi por causa dele.
Pontos sociais: Gostei de ver a abordagem da cultura de matriz africana e o papel social da mulher no século XIX.
Fotografia, cenários e figurinos: nota 10!
Reta Final de Novela: Morno e fraco, mas ainda assim tivemos cenas interessantes e bem criativas.
Desfecho: 1) Último capítulo; fraco. 2) Escolha certeira falar do Museu Nacional nos dias atuais na cena final. 3) No aspecto geral, o último capítulo foi bem morno, previsível e sem grandes emoções, com suficiência satisfação. 4) Desfecho justo para as personagens. 5) Fiquei decepcionado com o fim da Guerra do Paraguai, podia ter um conflito antes da caça e morte de Solano Lopez.
Adicional: Surpresa ousada e positiva duas personagens assumirem a homossexualidade com beijo no horário das 18 horas.
Considerações Finais:
A novela foi muito prejudicada pela pandemia e como ela se esforçou para mudar os rumos da audiência (a pior da história do horário) mesmo sendo uma obra predominantemente "fechada", gostei da novela e dou nota máxima para ser justo.