José Falero não é aquele jovem pobre, da periferia, que na novelinha da TV dá a volta por cima das dificuldades e acaba junto com a mocinha bonita. Ele viveu o que as tramas edulcoradas não mostram. A paixão pela leitura o levou a escrever, e o faz sem filtros, na linguagem e no cenário de uma Porto Alegre periférica.
Após a estreia com os contos de "Vila Sapo", chegou a um público mais amplo com este “Os Supridores” – ou repositores de gôndolas de supermercados, um dos subempregos em que o próprio autor trabalhou. No romance, o protagonista Pedro inconforma-se com sua condição social e a exploração a que ele, familiares, amigos e grande parte da sociedade brasileira estão submetidos. Invoca Marx para convencer o colega da injustiça de sua condição. Não há um meio normal para romper a blindagem da casta em que vivem, como seus pais e avós viveram. E resolvem vender maconha.
O estilo de Falero é coloquial, o texto é ligeiro e a leitura flui. O autor expõe a desumanização de algumas atividades, a invisibilidade de certas funções, a violência policial, racismo, injustiça social. “Os Supridores” expõe um cenário que muitas pessoas preferem não ver.