André Nader escreve de uma forma muito instigante e já na Apresentação do livro cita uma conversa entre o psiquiatra suíço Carl Jung e o escritor James Joyce preocupado com a sua filha, Lucia Joyce, que foi paciente de Jung por um algum tempo. Nader ressalta a importância de Jung ter localizado a diferença entre o pai e a filha e nomeado para o pai "— onde você nada, ela se afoga —". Nader escreve que tanto Jung como Lacan, que se dedicou a compreender James Joyce, reforçaram que este autor embora esquizofrênico, louco ou psicótico "era alguém que sabia nadar, que sabia-fazer". Nader enfatiza este ponto escrevendo que no livro irá se "debruçar sobre aquilo que permite que tal distinção seja colocada — que esteja no campo do visível. Isto significa nos debruçarmos sobre as formas atuais de perceber, agir sobre a loucura". Ainda na Apresentação, Nader escreve que Arthur Bispo do Rosário "não era um prisioneiro apenas do hospital, mas também das vozes que o impeliam a seguir reconstruindo o mundo através de seus objetos. Capacidade?, Glória, Honra? Bispo responde: ‘não, eu sou obrigado’". Nader pergunta: "Ele nadava ou se afogava?", para deixar clara a sua preocupação com o espaço entre, afirmando que "É a partir dessa inquietação que daremos sequência ao livro".
Gostei muito de ter lido o livro do André Nader e conto que tem me ajudado bastante a pensar/ refletir sobre acompanhamento terapêutico de pessoas com intenso sofrimento psíquico.