Liana Cirne

Excelente retomada do clássico Um Tira da Pesada. Eddie Murphy continua supremo e engraçado, mas boa parte do roteiro gira em torno das piadas preconceituosa dos anos 80 não servirem mais. Uma leve alfinetada nos excessos do politicamente correto não tiram o filme do alvo certeiro que é fazer humor sem as bengalas do preconceito contra grupos minoritários. Questões como a fragilidade do ego masculino, o abandono paterno são bem trabalhadas nesse filme que não tem pretensões de ser mais do que um sucesso de bilheteria e uma sequência que ganha seu capitulo final em alto estilo. A crônica de costumes da sociedade rica de Beverly Hills continua maravilhosa, transformando personagens típicos de 2024 em motivo de muita estranheza e risada. Por ser o primeiro filme de sucesso com protagonista negro, a gente sente falta de uma crítica ao racismo da polícia, que continua sendo responsável pela morte de tantos jovens negros nos EUA. A mensagem final do filme não mudou: tiras da pesada, que não se curvam à corrupção, que veem na profissão uma forma de fazer uma sociedade melhor, continuam fazendo personagens amados entre nós.