A série prende. Se movimenta de um personagem pro outro com fluidez com boa direção, boas atuações e algumas restrições como a demora exagerada em algumas cenas que não acrescentam nada, e só fazem o espectador colocar um ponto de interrogação, "Porque parou?".
O roteiro é que às vezes complica por falta de criatividade na elaboração dos diálogos, apesar das imagens serem lindas no enquadramento e luz perfeitas, comete erros nas falas dos atores e atrizes por obviamente não conhecer o básico da psicologia humana. Assumir uma posição conservadora em relação a si mesmo e progressista em relação ao próximo, escancara a hipocrisia do personagem e seu consequente descrédito junto ao público que o assiste.
Christophoros Papakaliatis (Orestis) já não é lá essas coisas, tá longe da 1ª prateleira, é apenas um ator correto e limitado que se mostrou incapaz - junto com a direção - de dar mais corpo e brilho a um personagem tão complexo mas também tão rico. Sua resistência aos avanços de Klelia (Klelia Andriolatou) beiram o ridÃculo de tão imatura e descolada da realidade é sua justificativa com argumentos que não cabem na cabeça de uma pessoa com bom nÃvel informação e sensibilidade, especialmente sendo um excelente músico, em 2022.
O conflito interno dele era evidente e indisfarçável. Duas forças e formas-pensamento diametralmente opostas convivendo no mesmo espaço mental e fÃsico, ambos condicionados a funcionarem de uma maneira especÃfica e direcionada.
De repente ele tem sua bolha furada e se vê envolvido numa atração irresistÃvel por uma adolescente que se encanta com o Maestro e, deslumbrante aos 19 anos, se declara apaixonada pelo professor quase 40 anos mais velho. Só que essa enorme diferença de idade não aparece na tela. Orestis não tem corpo nem jeito de velho. Embora não chame atenção pelo charme, Orestis tem uma aura simpática, agradável, um pouco tÃmida e que desperta confiança nos outros. Ao mesmo tempo (de novo o conflito entre opostos) sua fraqueza em aceitar uma convivência forçada com a ex-mulher, invadindo e se estabelecendo na casa dele sem pedir licença, além, claro, de estar sempre se metendo onde não era chamada vendo Orestis congelar à sua frente e não se expressando na hora com a resposta que ela merecia: Fuck off, it's none of your business. É o que ele gostaria de dizer, mas por algum motivo misterioso o personagem ficou enfraquecido em vez de fortalecido por vencer um desafio pela força do caráter e a superação de limites.
Mas há também uma mensagem subliminar - às vezes nem tão subliminar assim -, de que a mentalidade nazi-fascista sempre existiu, é parte integrante da nossa história desde muito antes da própria expressão ser rotulada. A seleção, a partir da exclusão de tudo que não se enquadre no ideal da raça pura e imaculada, é feita regularmente Seu modus-operandi não muda e o sonhado "eugenismo" é a meta prioritária. Os meios variam, mas a limpeza étnica e mental é o objetivo final. O problema passa a existir na mesma medida da inconsciência das pessoas de que estão sendo manipuladas e controladas. Como o Maestro, desperdiçando momentos que poderiam ser extasiantes preso na armadilha do condicionamento cultural, permitindo que supostos "poderes exteriores" ditem as regras, pensamentos e sentimentos da sua própria vida, onde só ele, Maestro, é o poder absoluto.