Muita semiótica neste seriado que trabalha metalinguisticamente as estratégias do jogo. A vida da personagem principal é um jogo que segue o ritmo do movimento da rainha no tabuleiro. Seus amigos mais chegados e ex-heróis derrotados por ela lembram outras peças tais quais a Torre e o Bispo. O rei Borgov a espera para a decisão final. Há uma nÃtida ideologia feminista a guiar o enredo: ao tempo em que a figura feminina, tão assolada no mundo real quanto no tabuleiro, se libera, os demais personagens masculinos caem um a um no seu jogo. A arte imita a vida.
Um roteiro inteligente, uma produção impecável e de bom gosto. O único fato estranho é uma série tão sofisticada merecer público de um blockbuster. Um segredo bem guardado dos produtores que acreditaram também na inteligência do seu público. E acertaram.
Em tempo: deliciosa a passagem em que Beth Harmon se apaixona pela música Venus e pelo visual da holandesa Mariska do grupo setentista holandês Shocking Blue. Tudo a ver com o roteiro e com a personagem.