Excelente, mas veja se você tem estômago! O filme é um deleite para os fãs de body horror! O roteiro é muito bem executado, com cenas gráficas fortes, cores bem empregadas e fotografia instigante. Ele cativa visualmente, ao mesmo tempo em que enoja. De fato, o visual é o ponto alto da experiência. O roteiro é simples (isso não é um ponto negativo de forma alguma), a mensagem do filme é bem clara e a crítica é explícita. O filme não se propõe a discutir de forma profunda sobre indústria da beleza nem sobre o controle dos corpos femininos, também não tenta ser uma grande ficção científica com backgrounds complexos e explicações maiores acerca do contexto. Ele se atenta em mostrar a experiência da degradação feminina em um ambiente tão, tão, tão familiar que acredito que dispense uma abordagem mais “filosófica” ou “reflexiva”. A ideia é mostrar como a indústria da beleza faz as mulheres se submeterem ao absurdo e como nos veem como meros objetos de desejo e muitas vezes nos submetemos a isso.
[SPOILER]
Achei muito interessante essa sutileza do filme de que em vários momentos percebemos que Elizabeth não estaria tão mal assim, se houvesse uma mudança de perspectiva da parte dela, mas que o meio em que ela vive não a permite se ver de outra forma, além de um corpo que TEM que ser bonito. Quando Fred elogia ela, quando o médico diz que a mulher dele é uma grande fã, quando sabemos que ela ganhou um Oscar. Ela não é uma pessoa descartável. Acho interessante também que o enfermeiro que também utiliza a substância durou mais tempo que ela, mas também se submete a isso, um pequeno detalhe do filme que fala sobre como isso também afeta os homens, mas de forma bem menor.