Cara, sério, dei uma chance, mas não deu para aguentar. Sou um grande fã da série original e estava apreensivo sabendo que os criadores originais abandonaram o projeto devido a divergências criativas. Adivinha por quê? Porque mudaram completamente o cerne da história, e o que eu temia aconteceu novamente, a série é uma decepção total, e vou te dizer o motivo.
Um dos poucos pontos positivos foi a estética, eles realmente acertaram na caracterização geral dos personagens, apesar de alguns efeitos especiais meio artificiais, mas nada que prejudique muito visualmente.
Outro ponto que se destacou foi o Zuko e seu tio Iroh. Apesar do roteiro apressado, os atores conseguiram entregar performances convincentes. O melhor enredo foi o deles.
Mas a partir desses pontos é onde a série realmente desanda. O roteiro foi elaborado de forma a cortar o mais importante: a jornada do herói, as limitações, obstáculos e superação, o valor da amizade, da famÃlia e, por fim, do amor - conceitos praticamente inexistentes aqui. Mesmo com a suspensão da descrença, a obra precisa ter um mÃnimo de coerência com a realidade, o que não acontece aqui.
Quase não há cenas de luta, apenas um show de balé bem coreografado, mas o combate é praticamente inexistente, exceto por algumas cenas com o Zuko.
O ator que interpreta o Aang não consegue transmitir uma expressão convincente. Falta aquela alegria, aqueles trejeitos bobos e infantis que cativam o espectador. Ele sempre parece derrotado, e na hora de chorar, parece que está com prisão de ventre. Sério, esse não é o Aang da animação.
Outro ponto extremamente negativo foi sua primeira aparição, onde começa o ativismo polÃtico feminista. Isso é feito de propósito, porque o Aang, ao ver a Katara, já se apaixona na obra original, coisa que não vemos aqui, e não sei se terá romance nas próximas temporadas.
O ator do Sokka até convence na atuação, mas é limitado em suas falas. Basicamente, ele não faz piadas politicamente incorretas, o que é totalmente irreal, já que na vida real todo mundo faz piadas de tudo. Se ele não faz isso aqui, esse não é o Sokka. Ele foi totalmente castrado na série, e não dá para não perceber que é por causa de uma agenda.
A Katara é onde o ativismo flui descaradamente. No desenho, ela até tinha inveja do Aang por não conseguir dominar a água, ao contrário dele, que mal via seus movimentos e já aprendia. Mas na série, ela já sabe sem precisar de um mestre logo de cara, nem o Pakku a ensina, sério, já vi isso em outras obras, é o arquétipo Mary Sue. E, sem falar que o tempo todo ela menospreza o irmão. Onde eles querem chegar com isso?
Se as pessoas dizem ser fãs e não veem esses problemas nessa adaptação, então não são fãs de verdade. Um verdadeiro fã enxerga além do escapismo. Avatar é uma obra atemporal justamente porque traz elementos de superação e valores intrÃnsecos nas pessoas, e é exatamente por isso que os criadores abandonaram esse live-action.