Matrix Ressurrections se assemelha àquela conhecida situação, na qual nós, já adultos, retornamos a um local que, em nossa infância, parecia-nos grandioso e que se mostra decepcionante ao revisitarmos.
Dito de outra forma, o quarto longa da saga não conseguiu reproduzir a sutileza e a elegância da crÃtica à condição humana presentes na trilogia anterior, ou aquela sensação de "putakiupariu!!!", com o enredo, e de maravilhamento, com a inovação nas cenas de ação.
Os elementos de crÃtica ao contrato social entre humanos e máquinas, uma espécie de pacto de governabilidade, onde o anseio pela liberdade coletiva cede lugar ao conforto e segurança de poucos, tendo como moeda de troca as mtas vidas ainda a
aprisionadas na Matrix, tem uma abordagem rasa e ligeira, sendo minimizados frente ao pacto romântico entre Neo e Trinity, que de background, nos filmes anteriores, invertem sua posição com o tema mais coletivo da liberdade de um povo e passam ao primeiro plano, embaçando os aspectos, pretensiosamente, mais profundos do filme. Esta e outras crÃticas, como a apresentação do mundo virtual como espaço de fuga e abrigo contra problemas reais, na forma de um jogo, ou a ausência de desejo real pela liberdade, por parte de quem ainda se encontra na Matrix, são temas mal desenvolvidos e ofuscados pela busca de um reencontro romântico entre Neo e Trinity. O filme, no geral, é um bom passatempo e traz consigo a nostalgia propria de obras do gênero, mas se apoia em demasia em cenas despropositadas do passado e passariamos melhor sem ele, pois, como uma Coca Zero, mata a sede, mas num é a mesma coisa!!! Rssss