William Santtoss

Vi vários comentários de pessoas querendo falar sobre aspectos técnicos e cinematográficos, mas vamos direto ao ponto para aqueles que como eu querem saber da experiência enquanto espectador: a história se baseia na vida de um pai solo com uma filha que após um acidente ficou dependente de cuidados especiais. Eles são de origem italiana e se mudam para Paris onde abrem uma livraria. Aos poucos vão aparecendo vários personagens diferentes, até surgir uma mulher problemática, com uma vida complicada em um relacionamento tóxico com namorado. O pai acaba se relacionando com a estranha e vai se soltando da rigidez da vida de um pai que vive somente para cuidar da filha. Ao longo da narrativa o trio acaba se envolvendo emocionalmente e fazem descobertas verdadeiras sobre si mesmos e sobre o amor. No final cada um segue um caminho diferente: a filha começa a usar uma cadeira de rodas para se locomover e sair, a estranha volta com o antigo namorado abusivo, indo embora com ele e o pai se vê livre e sozinho para começar a viver a própria vida. O final é até razoável, porém falha na escolha em que a estranha decide reatar o namoro com um homem claramente abusivo. Outro ponto foi que a livraria não serve nem mesmo como plano secundário. Ela foi inserida de um jeito muito fulgaz em uma narrativa em que ela é o título. De modo geral o filme poderia ter sido muito melhor.

Uma história para entretenimento escrita de forma superficial sobre um assunto muito sério. Em certos momentos é possível perceber a romantização de uma situação que por si só já é muito problemática. Além do mais os personagens são uma caricatura do que seriam as pessoas na posição deles na vida real. O que se salva é a descrição das paisagens e ambientes onde a história ocorre. Mesmo assim, que final vazio e frustrante. Decepção.