Este não é entretenimento super-rápido e uma dose de action-driven ao estilo Marvel, então melhor passar à frente se já vens com a mente fixa. “O Riso e a Faca” de Pedro Pinho é um convite para parar, observar e absorver.
Confesso que às 3h30m podiam assustar, mas a verdade é que o tempo passa surpreendentemente, porque o filme te prende à história com uma força que não tem nada a ver com explosões ou reviravoltas forçadas. O foco está totalmente nas personagens, nas suas vidas e no vasto e complexo cenário que as rodeia.
É um filme que nos atira para a realidade social e política da Guiné-Bissau, expondo o trabalho (e os dilemas) das ONGs em África, mas sem cair em clichés. Vemos ali, cruamente, temas como o colonialismo e o seu legado, a corrupção, as buscas por liberdade e identidade, e como a sexualidade se encaixa neste contexto.
É uma experiência humana e social intensa. Não é um filme para ter como “som de fundo” ou para ver em fast forward. É uma daquelas longas-metragens que nos deixa a pensar, a debater e a sentir as contradições do mundo. É excelente e merece ser visto com tempo e a mente aberta.