Se acalme, a história irá engrenar e tomar corpo futuramente. Aliás isso é um dos avisos que o defunto autor nos dá no meio dos capítulos. Tanto num futuro que você se torne mais velho e volte a ler, quanto num até logo do próprio livro, nos capítulos mais a frente. Obviamente eu já sabia da genialidade do enredo antes de iniciar a leitura (o defunto autor é um dos personagens mais sacralizados da literatura brasileira). Porém confesso que eu me desanimei um pouco após a icônica frase "Ao verme que primeiro comeu as frias carnes do meu cadáver ...." e do capítulo do enterro do Brás. Recomecei a leitura semanas mais tarde. Vale mais do que a pena. O livro tem capítulos onde nada tem escrito, capítulos em que o narrador reconhece a inutilidade deles. Capítulos de uma página. Capítulos descontínuos. O famoso com apenas reticências que implicam no Brás e Virgília supostamente fazendo sexo. O capítulo da bonita, mas manca, o "amou-me por quinze meses", a ironia e o sarcasmo para criticar a elite da época. A hipocrisia escancarada do defunto autor. Impecável. Esse livro é impecável. Só em dois momentos eu bato no peito e digo surgir um nacionalismo em mim: no esporte olímpico (e, deixa a criança sonhar vai, com a copa também!) e ao lembrar que essa obra de arte é brasileira! É do Brasil! Viva Machado de Assis, viva a literatura brasileira!