Ha exatos sete dias, 8 horas, e 20 minutos, meu gato desaparecia do mundo
O imenso horizonte de eventos que me puxa desde então, é o mesmo que joga parte de mim para a realidade em que eu vivo, o aqui, e agora!
É verdade sim, que o luto te proporciona um delírio constante, ininterrupto e cruel
Mas, também é verdade que esse mesmo luto, essa mesma revolta, esse mesmo desespero te mostra uma nova vida, mesmo em cima dessa falha grosseira, do espaço e tempo contínuo
Nietzsche, dizia que existe uma desordem possível, e eterna, a lei de eterno retorno
Antes, que meu gato desaparecesse do meu tempo, prometi à ele, que viveríamos por toda a eternidade, exatamente tudo, tudo, o que vivemos, exatamente igual, por toda a eternidade
E que ele poderia me esperar, porque eu vou atrás dele, eu vou achar o meu Fidel
No dia seguinte, eu recebi a sua mensagem, através de um beija flor, que me olhou nos olhos enquanto eu chorava a sua falta
Segundo os Maias, quando um desses pássaros é visto logo após a morte de alguém, isso indica que a pessoa esta em paz
E é isso o que meu processo de luto tem me trazido, teorias, e lendas e livros
O livro "Se os gatos desaparecessem do mundo", ganhei da minha filha, no mesmo dia da partida do Fidel
E apesar, de ser um livro bem leve, ele aborda o luto de uma maneira bastante oportuna, e sutilmente aborda o egoísmo e egocentrismo humano.
Me confortou batante, as inúmeras reflexões sobre a vida, o apego, o desapego e a morte
E mais, sobre o verdadeiro sentido da vida
E como as coisas mais simples, do nosso dia a dia, são os que mais tem valor, no final das contas
Por aqui, continuo na procura de viver novamente ao lado do meu amor, mas continuo amando a vida, amando a nossa casa, a nossa filha, as nossas músicas, o nosso sofá, o sol do quintal, a água fresca do filtro de barro, as manhãs de domingo e tudo o que a gente construiu juntos, nesses 18 anos de amizade e lealdade