Pacarrete é um filme que encanta! Das risadas a entrada no mundo sensÃvel da personagem. Pacarrete se estrutura em um mundo que ela inventa, vive, transforma, no seu francês, cores, danças e música, esse mundo a sustenta, nos seus sonhos, nos seus gritos e em tudo que a faz sentido. Ao ter sua fantasia/sonho de dançar para Russas, negada, Pacarrete se desestrutura, chora como uma criança e se sente desamparada do mundo real, assim, muitas vezes como na nossa vida e o mundo real que não responde aos nossos desejos e idealizações, nos faz sofrer.
O real para Pacarrete aparece nas suas perdas, que a doem o corpo e a alma, uma dor tão profunda que a mesma se cala, esfrega o chão da calçada e se deprime, posteriormente, encontra uma forma de não se entregar por inteiro a essa realidade crua.
No ato final, Pacarrete realizando seu delÃrio, penso, que ela não esteve só, quando a cena fica longe em seu ângulo, as cadeiras vazias do teatro representando a solidão de um delÃrio, mas no cinema, visto de longe, a cena teatro vazio, cinema lotado, é uma continuidade da cena, saindo de tela, os telespectadores não deixam pacarrete sozinha, nós a acompanhamos em sua fantasia dançante, a aplaudimos em seu delÃrio. BelÃssimo e emocionante!