Jagten (e é incrÃvel como em nenhum dos paÃses que o filme saiu teve um tÃtulo decente) é um bom filme, não diria que é um filme maravilhoso, mas ele entrega o suficiente. Senti que sendo um filme dinamarquês, alguns elementos não conversam muito conosco, como é o caso da cultura da caça, ou o final com a suposta tentativa de assassinato.
Quando somos apenas espectadores é fácil vermos todos os pontos da história e discernir o lado certo do errado. Nós rejeitamos o tratamento dos moradores com o Lucas, mas estando no lugar deles, sem consciência de todos os fatos, serÃamos diferentes?
A resposta é que não, e vemos diariamente isso. A todo tempo ouvimos casos e casos dos mais diferentes tipos de crimes possÃveis, mas numa Ãnfima parcela deles é que nós paramos e nos perguntamos: "Ei, esse cara realmente é culpado disso?". E é nessa dualidade que o cai, mas senti que cai para um lado errado.
Desde o inÃcio nós vemos que o Lucas parece ser um cara normal, professor de uma creche pois a escola em que ele trabalhava fechou. Algumas linhas de diálogo e sabemos que o irmão mais velho de Klara (Torsten) estudava lá. Durante a cena em que somos apresentados aos pais de Klara e Torsten, é possÃvel notar a indiferença no olhar que o garoto tem por Lucas. Ligando esses dois detalhes insignificantes ao plot do filme, eu cheguei à conclusão de que talvez Lucas não fosse tão inocente assim.
Mas bem, isso é só uma suposição e talvez sequer tenha sido intencional do filme, e se não foi, é um desvio perigosÃssimo de interpretação do espectador. O fato é que, partindo do pressuposto que foi intencional, achei uma ótima jogada. Ele nós insere nessa dualidade da vÃtima ou culpa, e assim como todos os moradores, nós também estamos nos colocando no lugar de juiz, apontando o dedo para os errados, e não agindo com a razão onde deverÃamos agir.