Se você estiver procurando por um filme de ação com uma protagonista forte e competente para acalentar um coração feminista, esse é o filme errado para isso. A protagonista é uma boa curandeira e quer ser caçadora, mas sua ambição é movida mais pela teimosia cega do que pela habilidade real para o desafio que se propõe. É irritante vê-la insistir tanto numa ambição e repetidamente provar em cada maldito ato que não está preparada para aquilo. Sério, cada cena faz você querer dar razão ao resto da tribo sobre o despreparo dela. E não há problema em desenvolver novas habilidades e adquirir a competência com esforço, mas claramente a menina quer colocar o carro na frente dos bois e se enveredar por uma caçada para a qual não está pronta. Por pura teimosia e numa jornada de superação muito inverossímil, já que o roteiro apresenta um antagonista que vai se mostrando mais imbatível a cada vez que aparece, em oposição à protagonista que não evolui. E não tem suspensão da descrença suficiente neste mundo para convencer alguém de que aquela garota que passou o filme inteiro fugindo e hesitando será capaz de matar algo como o predador. Não quando guerreiros experientes da tribo e caçadores armados falharam. Em investidas em grupo, diga-se de passagem! Não quando a suposta inteligência que deveria superar a força bruta e a tecnologia bélica de ponta dependeu, sem qualquer vergonha na cara, de tanta conveniência do roteiro. Na metade do filme, eu já estava resignada a aceitar que o predador não poderia ser morto por ninguém naquela época e que a matança dos predadores de topo da fauna local iria resultar num baita desequilíbrio ambiental naquela região.
Por fim, o filme não funciona bem nem como um filme de ação genérico, porque não há muita ação além de correr e reclamar. Passamos metade do tempo ouvindo os outros dizendo que a protagonista não é capaz, outra metade vendo ela comprovar a opinião geral enquanto foge e se salva da morte por pura sorte (cof, roteiro) e, nos últimos segundos, ela desenvolve um plano mirabolante que depende de circunstancias extremamente específicas para dar certo. E isso enquanto luta sozinha e de mãos limpas com o inimigo que matou os guerreiros da tribo, entre outros.
Filme péssimo. Nos deram uma protagonista do sexo feminino, sim, mas não se preocuparam em lhe dar personalidade, destreza ou qualquer crescimento tangível na trama, além do super poder do roteiro.