A obra de Robert Wiene reporta-se ao conceito de produção cinematográfica da época com os recursos dos interditos, música que acompanha e dá o tom da trama e com interpretação pautada na exploração da expressão facial e na postura corporal. A maquiagem reforça a expressão, o olhar dos personagens falam de suas intenções e emoções. A ambientação nos lembra um palco de teatro - e a divisão em atos reforça isso - e nos oferece um clima "surrealista" pelos traçados, desenhos, formatos inusitados. Esse artificialismo do espaço "externo" parece proposital. Tanto nos espaços internos - casas, delegacia, prefeitura, hospital - como nos externos - as barracas na feira, rua podemos perceber como a cenografia é feita: ela nos dá a sensação de algo disforme, de um clima claustrofóbico. A trama é coberta de suspense o tempo todo, nesse jogo de luz e sombra que nos envolve. Podemos pensar que o lançamento se deu nos anos 20, tempo de grandes mudanças que adiantaram a tragédia que estava por acontecer. Afinal, o que é loucura? Quem é o louco nessa estória? Podemos perceber que a estória vira: aquele que denuncia a loucura acaba sendo considerado um louco.