lais mileti

A escrita é muito bem construída, com o humor ácido da personagem principal acompanhando toda a narrativa. A história nos faz refletir sobre o quanto as vivências possuem influencia sobre quem nos tornamos e deixa a mensagem de que nunca é tarde para mudarmos atitudes e opiniões, ainda que elas tenham perdurado por tanto tempo dentro de nós.

O livro abrange temas como racismo, desigualdade social, violência psicológica e física, e fanatismo religioso que se desenrolam dentro do cenário nigeriano, mostrando aspectos dessa cultura e o impacto do imperialismo inglês sobre ela. É uma leitura impactante e dinâmica, os diálogos passam a sensação de que estamos dentro da história, sendo possível sentir a tensão, humor, medo, esperança junto com os personagens. A autora retrata os sentimentos de Kambili, uma jovem que foi oprimida durante toda sua vida, com muita sensibilidade e de forma muito perspicaz, fazendo com que a gente consiga entender os efeitos da violência a partir da forma que a vítima lida e enxerga suas vivências e seu futuro.

Quando comecei a ler o livro, acreditei que a história se desenrolaria de maneira bem diferente da qual realmente aconteceu. Me surpreendi com uma narrativa “nua e crua” que expôs, de uma maneira brutal e sensível, os horrores vivenciados por duas irmãs durante a segunda guerra. No final do livro, entendi que Rouxinol é, dentro de sua narrativa perfeitamente delineada, a luta de pessoas que, motivadas por diversas razões, buscaram ir além de apenas sobreviver.