Nas duas primeiras vezes Kenneth Branagh errou feio a mão. Dessa vez fez um filme "vÃvel" e acima da média (o que hoje em dia nem é mais elogio). Neste, muito menos pirotecnia, computação gráfica e movimentos de câmera. Prefere efeitos especiais mais toscos mas mais convincentes no contexto. Quase tudo em cenas internas, escuras e cheirando a mofo. Tecnicamente perfeito mas com excesso de "maneirismos cênicos", por exemplo o uso repetido de um certo tom de azul e câmera em ângulos estranhos, pra tentar criar uma marca, um estilo. O ator/diretor não sabe se faz um filme pra plebe ignara (tudo explicadinho demais) ou algo mais artÃstico pra público mais sofisticado (diálogos "inteligentinhos"). Não agrada nem um nem outro. O maior pobrêma é a vaidade astronômica do dito cujo, que faz tudo pra dominar todas as cenas. E tudo é muito cerebral, calculado e pensado pra impressionar. Assim, cenas com carga forte de emoção (no roteiro) parecem caricatas no filme.Todo filme de Kenneth Branagh é pensado para mostrar ao mundo o quanto Kenneth Branagh é (?) um gênio. Hitchcock tbm gostava de aparecer (inclusive literalmente em alguma cenas) mas fazia isso deliciosamente. Branagh tem talento, mas não tira o olho do próprio umbigo e por isso vai sempre morrer bem antes da praia. Destaque pra ex-gata-siamesa Michelle Yeoh (hoje tá mais pra Madame Min), sempre convincente. Uma pergunta: o que a Tina Fey faz nesse filme? E uma reflexão: que saudade do Peter Ustinov!