Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor, Marcos Melo, por essa escrita tão envolvente! Passei quase cinco horas seguidas completamente imersa no livro “O Hóspede do Inferno”. A leitura foi incrivelmente viciante, alimentando a curiosidade e o desejo incessante de saber o que aconteceria em seguida.
A maneira como a história nos prende é angustiante, especialmente pela imersão tão bem construída no sistema carcerário. Acompanhei o desespero do Cacá como se estivesse ao seu lado, sentindo as injustiças gritantes que ele vivenciava. Senti desespero, angústia, náuseas e a dor de ver tamanha crueldade e negligência do Estado em relação aos direitos humanos fundamentais.
A falta de humanidade é avassaladora, e chego a nutrir uma pequena esperança de que até aqueles que são avessos à defesa dos direitos humanos poderiam se compadecer da dor de Cacá e se indignar com as inúmeras violações que ele sofre.
O mais perturbador é perceber que a ficção de Cacá reflete a dura realidade de muitos encarcerados. O sistema prisional, totalmente despreparado para oferecer qualquer tipo de ressocialização, apenas perpetua a violência. Em vez de reabilitar, ele aprofunda as feridas sociais, tornando-se uma faca de dois gumes, afiada pela negligência estatal. A desvalorização das garantias sociais abre caminho para o aumento da criminalidade, e o punitivismo acaba por ferir o próprio poder público.
Por fim, não quero me alongar, mas reitero os meus parabéns pela obra. Apesar da crueza dos temas, a narrativa foi extremamente dinâmica. Nunca me senti tão conectada a um livro como este, que me prendeu do começo ao fim.
Estou profundamente impactada com essa leitura.
Com admiração,
Jéssica Andrade