MAIS DO MESMO, PORÉM PARADOXALMENTE PIOR.
Esse filme é simplesmente terrÃvel, não no sentido tradicional da palavra, pelo qual se consideraria um adjetivo positivo posto frente a um filme de terror, mas terrÃvel no sentido qualitativo da coisa.
Primeiro, farei uma breve crÃtica técnica, para que não pensem que faço essa crÃtica exclusivamente por motivos tendenciosos:
1. Mal aproveitamento da longa-metragem:
O filme é longo, o que por si só não seria problema, mas possui cortes muito mal feitos e súbitos, quase como se estivesse com pressa de explicar a si mesmo e estivesse preso numa janela de meia hora, ainda que a obra possua duas horas inteiras. Todo o tempo que poderia ter sido usado para melhor explorar a cenografia do ambiente romano cai numa claustrofobia totalmente involuntária, que não contribui em nada nem para a atmosfera do terror, nem para a beleza da obra como um todo.
2. Superficialidade dialética.
Toda a extensão dos diálogos maiores é complementada por metáforas vazias, as quais a diretora teve o bom senso de perceber que não conseguiria levar muito adiante, e justamente por isso sempre as quebra com algum acontecimento exterior, como um grito, um acidente e assim por diante, ao ponto de isso se tornar algo exaustivo.
3. Clichê. (SPOILER)
Todos nós já conhecemos esse filme por meio de outros filmes, já o vimos dezenas de milhares de vezes feito por diretores diferentes. Resumirei o filme em algumas palavras, e vocês entenderão o que quero dizer: freira inocente e bem-intencionada, clero corrupto, abusos sexuais, padres e cardeais querem invocar o anticristo dentro da Igreja e etc.
É como se misturássemos o "Cândido" de Voltaire com "A Feiticeira" de Jules Michelet e a tese luterana do segundo cativeiro da Babilônia, mas traduzÃssemos todas essas obras num filme de terror que tem uma crise de identidade ao tentar se enquadrar como crÃtica social, e acaba se tornando um filme cheio de preconceitos anglo-americanos ao catolicismo romano. Se você tiver a impressão de que previu o filme inteiro nos primeiros 30 minutos, saiba: não é apenas uma impressão, você de fato o fez.
4. Terror de baixa qualidade.
Como terror, tenta se apoiar no conceito do grotesco, fugindo dos já batidos "jump-scares", buscando alguma originalidade nos elementos chocantes. Quanto a isso, devo admitir que até há alguma originalidade, mas que é esmagada pela baixÃssima qualidade dos efeitos especiais. Os monstros/demônios (nas poucas vezes em que aparecem) parecem feitos de borracha, e o fogo que acaba atingindo uma das freiras em determinada cena, parece estar num segundo plano que fora croppado no paint. Já vi cenas mais bem feitas em Supernatural, e eu nunca achei que fosse dizer isso sobre um filme de 2024.
CONCLUSÃO FINAL:
O filme de Arkasha Stevenson é o que eu imaginaria se me dissessem que Dan Brown, aos dezoito anos de idade, fazia filmes de terror roteirizados pela J.K Rowling.