Mais uma série espanhola, da Netflix, que se baseia em enganações para prender o público, deixando furos e mentiras por toda a temporada.
Nessa série, que está sendo apregoada como "macabra", a grande "sensação do terror", uma série "assustadora", temos uma ideia interessante: trata-se da história de duas jovens cujos pais estão sendo procurados por, supostamente, liderarem uma seita (o "Culto da Luz") que levou 23 pessoas ao suicídio. O cenário é uma pequena cidade chamada Feria, e a época dos acontecimentos é 1990.
Apesar de ser uma ideia bacana, ambientada em um lugar lindo e em uma época curiosa, não funciona. O ritmo é lento, algumas cenas são chatas (assim como a maioria dos personagens), há vários excessos. Além de tudo, evidentemente existem algumas ideologias que parecem ser empurradas à força, já que não necessariamente trazem contribuições verdadeiras à história - embora, é claro, muita gente vá se apegar a essas ideologias para amar a série, achando que ela é sobre isso (mas não é).
Há um núcleo protagonista, composto pelas irmãs Eva e Sofia e o policial forasteiro, e a partir de cada um deles desenvolvem-se determinados pontos da trama. A Eva, irmã mais velha, é uma mocinha que ama a caçula mais do que a própria vida. É uma moça confusa, que tem de lidar com suas próprias questões, cuidar da outra, pensar nos problemas familiares. Essa sua constante busca por aprovação faz dela uma garota um pouco irritante. A outra irmã, a Sofia, é uma garota chata, ainda menor de idade, que, por ter um amor infinito pela mãe agora desaparecida, faz de tudo para estar com ela, não interessa onde, como ou quem precise ferir ou magoar para isso. O policial, por sua vez, é um personagem tipo: fumante, triste, intrigado, cético, irascível, doente. Pende entre compreensivo e histriônico.
A cidade é pequena. É dito que tem em torno de 2 mil habitantes, e muitos deles estão ali desde sempre. Apesar disso, há incontáveis segredos que muitos sabem, mas que ninguém sabe quem é que sabe mesmo, e muitos que sabem pensam que não sabem tudo, e quem sabe tudo não sabe que os outros não sabem nada. Tudo isso, apesar de haver tão pouca gente por lá. Bem inverossímil.
Mas minha crítica vai além.
Há furos incontáveis no enredo! Algumas coisas são como se "tivessem de ser", porque, afinal, há forças ocultas agindo por lá. Outras acontecem porque as pessoas são más. Outras acontecem porque as pessoas são burras. A maioria delas é justificada de forma tosca e forçada.
Um exemplo tem a ver com o sentimento de culpa de Sofia, que lhe dizem que ela não deve ter, mas, ao mesmo tempo, colocam-na em situações em que ela não pode sentir outra coisa. Tudo isso com alguma finalidade que não está clara na história.
Para não me estender ainda mais, e para não contar a temporada toda, paro por aqui. Posso dizer, porém: se é por curiosidade, por não ter NADA melhor, mais consistente e interessante para ver, assista. Do contrário, não vale a pena. Definitivamente não vale a pena.