Começo pelo único aspecto positivo: a fidelidade. De um modo geral, a caracterização e a ambientação do filme conferem a ele uma sensação maior de que esse é, realmente, um filme BASEADO nos jogos Resident Evil, e não meramente INSPIRADO por eles, como foram os 6 filmes com Milla Jovovich (por exemplo, temos a alegria de ver na tela a mansão de RE1 e a delegacia de RE2, ambas bem detalhadas e cuidadosamente reproduzidas a partir dos jogos). Contudo, mesmo nesse quesito, tenho minhas crÃticas: qual o sentido de fazer um filme mais fiel aos jogos se colocam atores que não se parecem com suas personagens?? A dupla Chris e Claire até lembra suas contrapartes virtuais, mas o resto não: Jill Valentine parece uma mexicana, Leon Kennedy parece um hipster espanhol suspeitamente similar ao Fiuk e Albert Wesker é um hétero top bombadão que poderia muito bem ter saÃdo da última edição do BBB. Que raios foi isso, produção?? Custava encontrar atores mais parecidos? Não deve ser tão difÃcil assim.
Além da aparência, pecaram também no desenvolvimento da personalidade das personagens: Jill aparenta ser uma femin1sta enrustida que precisa se autoafirmar constantemente em meio a uma atmosfera masculina (os S.T.A.R.S.), e isso a deixa um pouco chatinha e antipática, bem diferente da heroÃna de RE3 que tanto admiramos. Leon é um completo retardado emasculad0 que não tem a mÃnima ideia de onde está ou o que está fazendo, anos-luz distante do novato empenhado e astuto que sobreviveu ao terror de RE2.
Outra questão é a inclusão e a exclusão de certas personagens. Como se pode colocar no filme Brad Vickers, Richard Aiken, Enrico Marini e Brad Irons, que são todos secundários (talvez até terciários), e não colocar Barry Burton, Rebbeca Chambers, Carlos Oliveira e os Spencer?? Por outro lado, aplaudo a inclusão da famÃlia Birkin (todos os 3) e dos gêmeos Ashford (mesmo que apenas indiretamente). Ada Wong nem fede nem cheira, pois fez apenas uma aparição rápida após o inÃcio dos créditos finais (aposto que muitos nem viram).
Por último, alguns aspectos técnicos do filme como posicionamento da câmera e edição me pareceram um tanto amadores, como se toda a equipe envolvida na produção da pelÃcula fosse de uma nova geração que não cresceu assistindo aos grandes mestres como Hitchcock, Spielberg, Tarantino e Nolan. Por exemplo, aquele efeito de câmera lenta repentina, no meio de uma cena em velocidade normal, é irritante e cheira a millennials dignos de filmes C da Netflix. Os efeitos especiais (feitos por CGI) não são muito melhores que os do primeiro filme, lançado literalmente 20 anos atrás (basta ver o Licker de 2021, apenas ligeiramente mais detalhado e texturizado que o de 2002). Poderiam ter caprichado mais, né?
De modo geral, portanto, o filme nem assusta nem consegue prender a atenção. Nem mesmo na batalha final contra o "chefão" de RE2 (o doutor Birkin com o G-vÃrus injetado) eu me interessei. Realmente esperava que esse reboot da série fosse consertar as falhas dos 6 filmes originais (2002-2016), mas o que temos aqui é um filme mais ou menos no mesmo nÃvel, com alguns acertos e vários erros. O fim deu a entender que haverá continuações, e, se houver, espero que sejam melhores. Que ouçam as crÃticas dos fãs e nos entreguem o filme que merecemos e que tanto esperamos desde a segunda metade da década de 90!
5 de 10 estrelas (2,5/5)