O livro em questão apresenta dinâmica interessante quando, ao escolher a segunda pessoa, "atinge tanto o pai do narrador quanto, em alguns momentos, o leitor. Isso causa certa empatia. Em um único momento eu achei a linguagem erotizada apelativa, um excesso, o que foi uma pena, já que nos demais momentos ela é muito bem utilizada. O momento a que me refiro é quando Pedro conta sobre a relação sexual de Henrique e Elisa. Trata- se de dois adultos com, respectivamente, 52 e 55 anos, com suas dores e medos. Há um lindo desabafo de Elisa quanto ao câncer e uma imagem de que ambos vivem esse momento de maneira muito consciente. No entanto, o autor optou em descrever esse momento do sexo de forma que, na minha opinião, maculou esse instante sereno (embora tenso) de Henrique e Elisa. Além disso, algumas citações de alguns personagens me pareceram desnecessárias, como citar uma irmã de Henrique chamada Inaê. E nesse mesmo instante achei um pouco inverossímil a descrição do enterro, com pais e amigos. No entanto, essas questões não tornam a leitura cansativa. De fato, é um romance sobre as relações interpessoais complexas.