Aftersun - um filme sobre os sentimentos das lembranças.
quando comecei a ver muitos cortes no Instagram sobre esse filme, já de cara fiquei encantada com a "lente" que o filme foi gravado. não que seja algo que domine e entenda. mas eu tinha a sensação de estar vendo memórias de alguém e não um filme em si.
assistir a esse filme só reforçou a ideia de que as lembranças que criamos com quem amamos é a única coisa valiosa na vida. e para Sophie - no caso da vida real, a diretora Charlotte Wells - foi tão valiosa que se tornou um filme. por alguns instantes senti que havia colocado uma VHS e estava apenas desfrutando de boas memórias das férias de um pai e uma filha.
entre fragmentos de uma gravação e outra, entre o roteiro que conta a abordagem que o pai de Sophie tinha com ela, a comunicação e o afeto tão Ãntimo para com aquele que é um completo desconhecido quando nascemos - e as vezes até quando envelhecemos. a forma que são expostas as lembranças. um pouco de melancolia, perceber uma certa depressão sob o Calum (pai de Sophie), as emoções de Sophie em relação ao pai e ao mundo.
esse filme tornou-se um dos meus favoritos, falo com todo coração. eu pensei que por um momento iria desidratar de tanto chorar, mas confesso que na verdade não derramei nenhuma lágrima. fiquei tão curiosa para entender o que acontecia de fato com aquele pai e como isso afetaria a sua filha. acho que só depois caà em mim que a ausência da figura paterna na minha vida fez com que eu ficasse vidrada nessa curiosidade. dentro do meu Ãntimo vinha um sentimento: então é assim que se passa férias com um pai?