Hildebrando Martins

O roteiro é exageradamente longo, recheado de personagens e pode, a princípio, fazer o espectador crer que se trata de uma trama complexa. Porém, não é o caso, embora relate várias décadas de seus personagens, a trama central é simples. No geral, contudo, confesso que fiquei sem compreender pequenos trechos. É natural, afinal são vários anos enfocados e não é fácil seguir tantos personagens, principalmente numa narrativa não linear. Já que retrocede e retorna ao presente desde o início do filme. Sem falar na minha indisposição em ver — de novo! — outro filme de mafiosos. Confesso não ter mais paciência para ver esses filmes de gângsteres/mafiosos estrelados sempre pelos mesmos atores (grandes amigos do diretor Scorsese). Penso que o diretor errou feio ao optar por atores tão velhos e cheios de cacoetes. Muito melhor teria sido escolher elenco jovem, talentoso e desconhecido. E, ainda que o tratamento digital rejuvenecendo o rosto dos atores seja formidável, achei meio patético (para não dizer ridículo) ver o elenco de veteranos tentar aparentar juventude. De Niro e Pacino tem uma cena em que estão sentados em suas respectivas camas de hotel e conversam. Após ouvir de De Niro aquilo que desejava, Pacino relaxa e adormece em poucos segundos. O problema é que esse adormecer do ator, na minha opinião, foi pessimamente interpretado, como se Pacino fosse canastrão. Anna Paquin não diz uma palavra em suas breves cenas. Ponto positivo: Harvey Keitel (ator que acho desagradável, tem poucas cenas. Talvez porque este drama tenha De Niro no elenco e narrativa com alguma semelhança, fiquei com enorme saudade da obra-prima "Era Uma Vez na América".

De 8 a 25 de abril de 2021, vi todos os espisódios dessa série maravilhosa. Embora contenha alguns episódios com cenas supérfluas (como, por exemplo, mãe e filho participando de um passeio numa fazenda), preferi guardar na memória todos os conflitos envolvendo seus personagens principais. Na época em que a série foi exibida na TV brasileira, cheguei a ver alguns trechos dos episódios. Porém, como não queria ficar preso vendo série, optei pelos filmes de cinema. Não conhecia direito nenhum dos atores e fiquei impressionado com a linda voz grave do ator Jon Hamm e com os ótimos desempenhos da atriz Elisabeth Moss. Cuidado, spoilers a seguir: fiquei triste por, no final da série, Don Draper não terminar com Peggy Olson. Queria vê-los casados ou como amantes. Fiquei comovido durante a última conversa, por telefone, entre ambos. Achei triste, tedioso e arrastado o episódio 13 da 7ª temporada. Ficaria muito feliz se produzissem um longa-metragem de Mad Men relatando o que aconteceu com cada personagem, ou então uma versão de três ou quatro horas resumindo seus 92 episódios. Se você não viu Mad Men, recomendo, vale a pena.

Não sou fã de super-heróis. Quando adolescente, eu gostava muito do Batman, porque ele não possui superpoderes e, psicológicamente, é mais realista e interessante. Sobre este filme: fiquei impressionado por ter conseguido aguentar as primeiras 2h54min sem sentir sono e vendo o filme das 22h43 até 02h30 da madrugada; o restante do filme vi no dia seguinte. Na verdade, senti sono e comecei a cochilar durante uma batalha que ocorre a partir de 1:00:06 até 1:06:30, depois me recuperei e vi sem cochilar. Há alguns detalhes que, a meu ver, não ficaram bem explicados: 1) Alguém diz que as tais caixas maternas são indestrutíveis, mas no final Superman consegue separá-las e acabar com seu poder. 2) Alguém diz que a chave de tudo é Lois Lane, por isso fiquei aguardando que o final fosse trazer alguma surpresa referente a Lois, mas isso nunca ocorre. 3) Lex Luthor está em seu iate luxuoso e recebe a visita de outro vilão. Quem é o visitante? E por que ele odeia Batman? 4) Qual a razão daquela sequência de pesadelo de Bruce Wayne no final? 5) Um misterioso extraterrestre, cheio de poderes, faz uma visita surpresa a Bruce Wayne. Ele também foi visto nos quadrinhos (gibis) ou é invenção dos roteiristas de cinema? 6) Onde a Mulher-Maravilha guarda seu escudo e sua espada quando essas duas armas não estão com ela? 7) Quanto tempo passou do sepultamento de Superman até seu ressuscitamento? O corpo dele não se decompõe? Steppenwolf (em português, Lobo da Estepe), o grande vilão, demonstra ao longo de todo o filme ser quase imbatível, porém, no confronto final, ele é vencido com certa facilidade. Enquanto isso, Darkseid, outro grande vilão, nunca entra em confronto contra os heróis. Ele sai de cena de forma decepcionante, deixando clara a impressão de que retornará num filme futuro. Curiosidade: Henry Cavill surge brevemente na abertura, depois, ele só retorna aos 2:40:00. Fica em cena por sete minutos, some, e só retorna aos 2:53:20. Não tive paciência de contar o tempo total dele em cena, mas garanto que é bem pouco. Em suma, o roteiro, como sempre, é uma grande bobagem, contudo, esse tipo de filme vale muito a pena ser visto por causa de seus fabulosos efeitos visuais.

Com tantos livros de alta qualidade esperando a vez de serem adaptados para cinema, os produtores continuam insistindo em fazer novas versões de histórias já filmadas. Kristin Scott Thomas, agora que está velha, enrugada e com seu talento intocável, foi a escolha perfeita para encarnar a sinistra governanta. Seu desempenho é o maior ponto positivo desta produção. Lily James, sempre bonita e simpática, é uma atriz que tem me agradado bastante. Mas ainda precisa provar que é boa atriz. Armie Hammer continua canastrão e bonito. Aqui ele não está tão ruim. A mansão Manderlay é um horror do lado externo (inclusive os dois portais que são vistos quando o casal chega de carro). Lado interno é luxuoso, alguma coisa até que é bonito, mas parece um museu. Há duas tomadas espetaculares exibindo as ondas se chocando contra as pedras.

Polanski prova seu incontestável talento, sua "mise-en-scène" é primorosa. Belíssimas imagens, uma atriz ainda insegura, e uma história com desfecho trágico. Polanski dedicou o filme à sua falecida esposa, Sharon Tate. Vi em 14.7.1987 (VHS)

Não estava achando o filme ruim, porém, por volta dos 52 minutos de exibição, fui surpreendido pelo sono. Dormi sentado acho que por mais de uma hora e meia. Após acordar, identifiquei o filme que estava vendo e fiquei surpreso por ver que ele estava terminando. Também fiquei com amnésia: não sabia o dia e nem a hora. Tive que consultar o relógio do Windows, pois era no computador que estava vendo o filme. Fiquei surpreso quando vi que já era 00h44. Voltei o player no trecho onde lembrava que tinha visto antes de dormir e vi o filme até o final sem bocejar. Nunca gostei de Ben Stiller, por isso foi uma grande surpresa quando decidi ver este filme. Enfim, como dormi durante a exibição, suponho que o roteiro não seja grande coisa. Quando Walter inicia a grande jornada atrás do fotógrafo e entra naquele helicóptero, fiquei em dúvida se era uma das alucinações dele ou se era real. Como a suposta alucinação não tinha fim, deduzi que ele estava mesmo vivendo aquilo. Curioso, Walter não é visto pedindo permissão ao seu superior para fazer a longa viagem internacional; assim como ele e Cheryl também não pedem permissão para, em pleno horário de trabalho, ir buscar o filho dela. E durante a longa jornada de Walter, ele nunca é visto indo ao banheiro, tomando água, comendo ou dormindo, além de invejável forma física, capaz de escalar montanhas. Parece realista isso tudo? Eu não acho. Bem, de qualquer forma, há belíssimas paisagens e efeitos visuais de alto nível. Para cinéfilos não exigentes, o filme pode ser um bom passatempo.

A abertura é horrível, os minutos seguintes são igualmentes ruins, seja o roteiro ou diretor, difícil identificar qual o pior. Resultado: não aguentei e, após os primeiros 16 minutos, desisti de ver o restante. Será que os atores não conseguriam identificar a bomba que tinham em mãos quando mostraram o roteiro para eles? Ou o salário oferecido foi tão elevado que preferiram ignorar o roteiro?

Estranho o que senti: conforme o filme transcorria, fui ficando com a sensação de que já o tinha visto, embora não me lembrasse de nada. Belos cenários naturais foram os maiores incentivos para que eu visse o filme até o fim, pois a trama é simples e sem maiores emoções. Embora não tenha sentido sono e nem bocejado, achei lentas e arrastadas aquelas longas tomadas do caçador Martin preparando as armadilhas. Gostei do final. Só achei que o roteirista errou feio ao incluir aquele reencontro entre Martin e o garoto órfão. Penso que um sujeito solitário como Martin dificilmente teria interesse em rever ou adotar o garoto, principalmente porque ele poderia voltar a ser alvo de vingança do homem que o contratou no início e, assim, colocar a vida do menino em risco.

O roteiro capenga de Walter Hill dá ênfase às cenas com os carros, enquanto que o tratamento mais elaborado de cada personagem fica prejudicado. Os diálogos também são breves, os atores dizem apenas o essencial. Isso foi um presente para a canastrice do ator Ryan O’Neal (lembra-se dele em Love Story?). Também não gostei das atuações de Bruce Dern e Isabelle Adjani. Como o policial (B. Dern) soube onde estava o carro usado na primeira fuga? Ainda mais que este carro foi jogado no meio de outros carros velhos e amassados. E mais: como o policial identificou os três assaltantes medíocres do supermercado? Este é um dos mais graves senões no roteiro de Walter Hill. Há uma cena na delegacia em que o policial (B. Dern) questiona as quatro testemunhas a identificar o motorista como participante do assalto ao cassino. Minha dúvida: como o policial sabia quem eram as quatro testemunhas? As testemunhas se apresentaram voluntariamente na delegacia? Duvido, dificilmente alguém iria querer se envolver nesse caso. Após a jogadora ter livrado o motorista ao não o identificar na delegacia, há um terceiro encontro entre ambos: o motorista está tranquilo aguardando-a passar na frente dele. Como é que ele sabia que ela iria passar naquela local, naquele dia e naquela hora? Só no roteiro de Hill isso é possível. Vi o filme em 1984 e 1986 e não consegui entender aquela troca de bolsas no armário da estação ferroviária. Apenas em 16.7.2021, quando vi o filme pela terceira vez, fui entender melhor a trama ao ler na Wikipédia o resumo do roteiro. Mesmo assim ainda ficou uma dúvida: por que o dinheiro do assalto ao banco é considerado sujo? Duvido que o banco tinha o número de série de todas as notas. E por que o motorista precisou pedir ajuda da jogadora para entregar as chaves do armário ao criminoso barbudo? Por causa das duas grandes sequências de perseguições de carros, o filme lembra BULLIT (1968), dirigido por Peter Yates e estrelado por Steve McQueen, mas o roteiro de Walter Hill é inferior ao filme de 1968. A primeira perseguição não é ruim, mas está longe de ser a melhor, dura seis minutos. A segunda ocorre no final do filme e dura dez minutos: é formidável. Esta última perseguição vale pelo filme todo. E dizem que outras perseguições foram eliminadas na edição final. Aos 35:53 ocorre não uma perseguição, mas o motorista faz uma demonstração de suas impressionantes habilidades para os três assaltantes ao destruir um carro dentro de uma garagem, com várias pilastras de concreto no meio do caminho. A sequência é ótima e embora em algumas tomadas seja possível identificar Ryan O’Neal, ele foi substituído por um motorista dublê nesta e nas cenas de perseguições de carros. A cena em que o criminoso barbudo é morto pelo policial e cai fora do trem, foi muito bem realizada. Tanto em velocidade normal como em câmera lenta, fiquei impressionado com o trabalho feito pelo dublê. Nota: 2 (roteiro) e 5 (cenas de ação).