A Obra dirigida por Paulo Nascimento demonstra ser uma alusão "teatral" ao perÃodo ditatorial presente na america latina (o filme é retratado especificamente no intervalo de 1960 até 1970 e pouco) onde o filho de um importante produtor de sapatos está supostamente envolvido com uma guerrilha anti-ditatorial, que leva Fernando (Edson Celulari) à refugiar seu filho Gabriel (Lucas Zaffari) no Chile, também sobre regime militar. As complicações começam subitamente 3 anos depois, com a miserável situação de Gabriel e sua namorada, Helena, que precisam de apoio da embaixada e de refúgio; o casal decide ir atrás de socorro com a genial (socorro) atitude de sair em pleno toque de recolher, e caminhar em frente à uma patrulha militar, resultado:
- Gabriel é detido e levado para fuzilamento pelo fato de ser Brasileiro.
- Helena é detida e some, até o final do filme, no qual ela aparece misteriosamente junto ao restante dos prisioneiros brasileiros que foram levados ao Estádio Nacional.
- Gabriel sobrevive ao se fingir de morto, e foge rumo à embaixada argentina.
- Ele invade a embaixada argentina que estava cercada por militares e quase morre, novamente.
O filme demonstra ser ineficaz em conduzir a narrativa, com tendências fortes a uma espécie de Retcom, explicando conexões de enredo com Flashbacks em péssimo timing, confundindo a quem assiste. O protagonismo de Gabriel evidencia o péssimo trabalho de enredo, com diálogos pacatos e robotizados, resultam em cenas que são dignas daqueles videogames dos anos 2000; é agonizante assistir o desempenho coletivo dos atores envolvidos, pois demonstram total estranheza ao interagir uns com os outros, muitas vezes causando sentimento de constrangimento e vergonha alheia para quem assiste:
"Um filhinho de papai desses [...] — Filho de papai é o caralho!"
O filme tenta relacionar sua forte temática com os danos causados pelo trauma da experiência, como as complicações de um parto ocorrido durante o cerco do exercito chileno na embaixada argentina, e os traumas psicológicos sofridos pela personagem Clara (Carol Castro) que são associados à perda de seu marido pela violência ditatorial. Contudo, esse fato da viuvez se transforma em uma obsessão tediosa e decepcionante por uma cadeira de rodinhas, cuja profundidade é atrelada ao sentimento de perdição e abandono, e a cadeira seria o único pertence de Clara neste mundo, após a morte de seu amado. A Viúva é representada como uma pessoa transtornada e fragilizada, sinalizando certa clareza em seus pensamentos, com diálogos confusos e sem congruência com a história (tanto dela, quanto da situação geral e o motivo por ela estar lá).
O filme possui inúmeros furos de métrica e de storytelling, com acontecimentos muitas das vezes acontecendo apenas porque deveriam acontecer em prol da narrativa. O enredo é fraco, a atuação é fraca, não existe conexão entre espectador e personagens, o filme é cansativo e serve apenas como tÃpico filme para ser apresentado em uma sala de aula de história, para aborrecer os alunos e os fazer dormir, ao invés de fazer bom proveito de um momento tão forte da história Sul-Americana.