Deslumbrante! Em uma palavra qualifico esta minissérie da Netflix em 8 capÃtulos, inspirada na obra O Talentoso Ripley, de Patricia Highsmith que já tinha sido levado à s telas em 1999 com Matt Damon no papel tÃtulo. Entretanto, a minissérie é infinitamente superior ao filme. A começar pelo emprego do preto-e-branco que acaba rendendo homenagem ao policial noir e ao neorrealismo italiano. Aliás, a fotografia é simplesmente magnÃfica e serve de apoio a um dos pilares da montagem ao traçar uma improvável analogia entre a trama policial e a obra de Caravaggio, o mestre italiano do chiaroscuro, cuja biografia também trafegou entre o brilhantismo artÃstico e as crônicas policiais do século XVII. O diretor é roteirista Steven Zaillian cria uma obra que inunda a tela com planos que buscam na arquitetura e escultura italianas uma metáfora interessante para a construção dos crimes que envolvem Tom Ripley, um sociopata brilhantemente interpretado por Andrew Scott. E nos brinda com imagens belÃssimas de Atrani, Nápoles, Roma, Palermo e Veneza, porém sem resvalar para o meramente turÃstico. Nesta série, cada plano sequência está longe de gratuito. E a arte e o estilo vão sendo apresentados num crescendo de sofisticação e elaboração diretamente proporcionais à situação do protagonista. Muitos, como já ouvi, poderão se decepcionar com o final. Eu já achei que, parafraseando o que aconteceu com Caravaggio, basta o tempo para achar "o homem difÃcil de ser encontrado". Tal qual o quadro de Picasso que também desempenha o papel de espelho no qual Tom Ripley reconhece sua persona fragmentada, capaz de refletir inúmeras outras, só com distância, tempo e dinâmica se compreende o resultado final.