Renato Francisco Clemente Junior

Muito bom. Atual. Trata, além do desemprego dito estrutural, do machismo estrutural, da alienação, da atomização do trabalhador desempregado, da baixa estima do desempregado, das relações de gênero mostrando o machismo aparecendo quase como um grito. Tenta também dar um toque de humor. Tem como base a Espanha e um grupo de amigos que dependiam da atividade portuária. Uma vez desempregados não conseguem voltar a ter esperança de sair dessa situação.

Fiquei surpreso. Muito bom. Um filme com cenários externos. Pouca trilha musical. Tem tudo para ser cansativo, mas a construção do roteiro com cenas muito vistas no cotidiano, acaba chamando a atenção. Detalhe, a situação dos trabalhadores no Brasil, está pior que a mesma na Inglaterra. O aposentado no Brasil (falo aposentado e não trabalhador de idade avançada) está mais marginalizado que o Daniel Blake. As reformas dos diversos sistemas de previdência visam tirar direitos. As reformas dos sistemas de seguridade social visam também tirar direitos. O embrutecimento das relações entre serviço público e governo são visíveis a cada dia. Apesar disso, não vemos nenhum aposentado ou trabalhador em situação de desemprego e com idade avançada pixando "Eu sou o Aposentado" ou "Eu sou o Desempregado". O indivíduo atomizado fica invisível. Não tem força força política. Morre do coração... Reafirmo, muito bom esse filme.