Matrix 4 - o filme que não queria ser feito e praticamente foi parar no divã.
Num ano de filmes medianos onde os poucos blockbusters que tivemos em cartaz decepcionaram, a cereja do bolo veio com Matrix 4, que já gerava dúvidas desde o seu anúncio.
Pois é, após assistir ao filme o que vem na cabeça a seguinte pergunta: por que fizeram isso? Se não há a intenção de fazer algo que continue o legado de uma obra, por que faze-lo?
Só que Matrix 4 não é apenas uma continuação inferior, é uma continuação que quer negar o universo ao qual pertence, não tem interesse de continuidade legitima de uma franquia, e sim estabelecer um estudo, uma nova linguagem, e arrisco até dizer em sabotar o próprio desejo de voltar ao estrelato a franquia.
Se a Warner tem o produto final que almejava ter, eu não sei, sinceramente. Mas como era preferível ter um dos diretores originais envolvidos no projeto talvez o sinal verde tenha sido dado. O que parecia ser o certo, pode ter sido o pior erro.
Nem vou entrar na questão do fato de que os diretores de Matrix se tornaram transexuais durantes esses 20 anos que se seguiram, mas fica difícil desassociar essa experiencia íntima com a visão profissional atual que a “diretora” Lana Wachowski tem sobre o mundo que criou duas décadas atrás. Eu vi um roteiro inacreditável, onde visivelmente foca em desconstruir uma ideia, a ponto de ser quase uma autocritica ou análise distante do que foi o fenômeno Matrix.
Matrix 4 é uma sessão no divã esquizofrênica , onde se usa uma metalinguagem que não cabe nesse universo, onde há uma debate sobre a cultura do cinema e do entretenimento que também não cabe nesse universo. Todo o primeiro ato do filme possui um erro grave, que é “bajular” o filme original como se o que estivéssemos assistindo fosse algo que não faz parte disso. E é exatamente o que fica de sensação no final, de que não vimos um quarto filme de Matrix, e sim um estudo, um ensaio, sobre algo muito maior realizado no passado e que a agora é negado por quem próprio o criou.
Matrix de 1999 já não precisava de continuações...esse novo, muito menos.