Matheus G. S. – Google

Acho engraçadíssimo que as críticas feitas ao filme nessas avaliações no Google são todas feitas por homens e são "críticas" rasas, medíocres e sem conteúdo nenhum - exatamente o que esses homens dizem do filme. Um filme sobre mulheres, por mulheres e para mulheres realmente incomoda os machistas, não incomoda? Bom, eu gostei demais do filme e, muito mais do que apenas o racismo, o filme aborda a questão do pertencimento e da alienação, duas temáticas que, se você reparar bem, atravessam mas vão além da questão racial obviamente abordada no filme. O toque de mestre está nas entrelinhas e no que é dito sem palavras, nos olhares das duas protagonistas.

Essa minissérie fez jus ao livro, e corrigiu a vergonha que a adaptação de Kubrick foi e é para todos aqueles que são leitores ávidos de Stephen King. Claro, o roteirista não foi ninguém menos que o mestre King, então não poderia ter dado errado. Queria tanto Stephen King escrevendo o roteiro de uma minissérie para Salem's Lot - tanto o filme de 1979 quanto o de 2004 foram decepcionantes, enredos bem desconectados do livro, histórias e personalidades dos personagens completamente alteradas, um Barlow que parecia um Nosferatu comedor de Cheeseburger no primeiro filme, um tal de Dr. Norton (aff), sendo que o Bill Norton bonachão do livro é um personagem muito mais interessante, enfim, queria muito ver o King sendo roteirista de uma de suas obras novamente.

Que filme, meus amigos, que filme! Não apenas "Extermínio" ("28 Days Later") possui acurácia científica - o vírus da raiva tem realmente alta letalidade e causa comportamento extremamente agressivo (embora sua capacidade de se espalhar seja baixa e ele não gere comportamento zumbi, mas o filme resolve isso colocando uma versão geneticamente modificada do vírus) - como ele realmente nos passa a ideia do que seria uma sociedade pós-apocalíptica depois de um ataque zumbi: nenhum meio de transporte, nenhuma linha telefônica ou conexão de rede, nenhum abastecimento de água, poucos alimentos realmente nutritivos à disposição, nenhum meio realmente seguro de sair dali e, o pior, uma sentimento insuportável de solidão e desespero para os poucos sortudos (???) que tenham sobrevivido. Cillian Murphy e Naomie Harris estão perfeitos nesse filme e têm uma química quase real demais pra ser só ficção. Cillian, aliás, está lindo (ah, a juventude!). Um filmaço, certamente um dos melhores do gênero do pós-apocalipse e um dos melhores do século. Também traz um ótimo comentário social ao mostrar a degradação moral e humana que se abate sobre os sobreviventes que não se acautelam para não se deixar embrutecer pela nova realidade sombria e sobre os perigos que as mulheres que sobrevivessem enfrentariam num mundo assim.