O filme começa muito bem, de fato. A mudança de cenários é belÃssima, trazendo foco e confusão ao leitor, o que te impede de perder a atenção. As mudanças sutis nos personagens (como roupas, bandagens, objetos que estavam ali e subitamente não estão mais ou vice-versa) trazem aquela coisa de você mesmo se perguntar se viu errado, se foi algo que você perdeu de vista. Tudo corre bem creio que até os últimos 40/30 minutos de filme. Eu nem mesmo vou comparar com o livro, mas sinceramente achei esdrúxula a maneira como percorreu esses últimos momentos. O diretor pareceu ter se perdido, sem saber exatamente como continuar dali. Uma atmosfera totalmente distinta, cada vez mais insana (não da maneira positiva) se instala no filme e a confusão sobre o que é real ou não parece virar piada. Eu não gostei, nenhum pouco, desse final. Sem dar explicações, sem de fato querer ater-se aos problemas que o personagem principal enfrenta e, principalmente, com uma abordagem cômica, tosca e infantil das situações que afligem o espectador desde o inÃcio, o final se concretiza de uma maneira ridÃcula. Não sei o que o roteirista ou o diretor pretendiam, mas, na minha opinião, é um filme que não vale a pena, única e exclusivamente pelo final. Sinceramente, senti-me muito irritada com a banalização que foi mostrada. Não é nem mesmo o caso daqueles filmes que você gosta quando assiste mais de uma vez, é simplesmente algo que foge totalmente do que a premissa tentava buscar. A real definição é: decepção.
Eu acredito que filmes que busquem despertar uma conclusão filosófica no espectador são excelentes, aqueles em que você se pega pensando no que acabou de assistir e acaba refletindo toda a sua vida por conta dele. Não acho que seja o caso do filme. Acho incoerente a justificativa de "é para ser filósofo" ser o único argumento para tentar explicar algo que não faz sentido. Nem tudo que é desconexo da realidade cotidiana deve ser encarado como filosofia. Nem tudo que não faz sentido à primeira vista é algo que você deve pensar sobre e interpretar da sua maneira. Há jeitos e trejeitos de causar esse sentimento de reflexão em quem assiste, mas justificar algo claramente jogado sob essa ótica é desqualificar filmes bons e que foram trabalhados da mesma maneira, mas com o devido cuidado e nexo.