Bruno Albuquerque Souza

Filme arrastado, vilão sem personalidade que parece tentar emular trejeitos do Coringa de Heath Ledger.

Um dos melhores filmes do ano. Rodrigo Santoro reafirma a condição de melhor ator brasileiro da sua geração. Como em todo bom filme nacional, vemos rostos desconhecidos assumirem protagonismo com atuações memoráveis. O personagem principal passa por uma jornada de anti-herói muito bem construída, conduzida com maestria por uma direção e roteiro excepcionais, o que leva o espectador a julgar se as suas ações são justificáveis ou não. A direção de fotografia traduz um submundo que existe por trás da maior metróple da América Latina, despertando reflexões sobre um tema que, em pleno século XXI, lamentavelmente ainda se faz presente em nossa civilização.

Um bom elenco não é capaz de salvar um roteiro ruim. Tudo no filme ocorre apressada e repentinamente. Os personagens, à exceção de Paolo Gucci, interepretado brilhantemente por Leto, são rasos e superficiais. Os seus conflitos e ambições apenas acontecem, sem que haja um fator motivador explícito que justifique suas ações. Adam Driver está apático e foi pouco explorado, enquanto Lady Gaga estava perfeita para um papel em Terra Nostra - o sotaque exagerado e desnecessário destoa completamente dos demais personagens, também italianos. A história é interessante, vale a pena assistir por isso, mas não vá com grandes expectativas, pois não souberam contá-la adequadamente.

Junte o que há de pior em Star Wars com o que há de pior em Game of Thrones: isso te dará uma pista do que é Duna. O pano de fundo para o desenvolvimento da história é um sistema de governo feudal intergalático (?), com um toque de magia e misticismo, claro. O ritmo é lento, o protagonista é pouco carismático e para ser situado naquele universo, o espectador é bombardeado com termos estranhos que representam locais, espécies, etnias e crenças - qualquer desatenção te deixará perdido. Existe um ponto alto: som e fotografia são as estrelas dessa obra mediana. Cenários grandiosos e trilhas realmente impactantes. Vale o ingresso, mas sem grandes expectativas.

Da filmografia recente de Clint Eastwood, essa sem dúvidas é a pior obra. Tem alguns bons momentos. Mas a história não tem força o suficiente para se equiparar a de outros sucesso, como A Mula, Gran Torino e Menina de Ouro.