Claro que ao se adaptar livros para as telas algo sempre fica pelo caminho. Não é diferente em Outsider. Não há um desenvolvimento digno dos personagens; os acontecimentos se desenrolam de forma atabalhoada, com cortes secos, sem uma explicação mais aprofundada das situações, e, para culminar, há a total descaracterização da personagem Holly. Acho um desrespeito aos leitores, àqueles que acompanham a trajetória de Holly Gibney desde a trilogia Bill Hodges (Mr.Mercedes, Achados e Perdidos e ÚtimoTurno), passando pelos livros Outsider, ComSangue e culminando em Holly. Fui assistir à série aguardando ansioso para saber qual atriz a interpretaria, e eis que me deparo com uma Holly negra. Não faz o menor sentido. No livro Com Sangue, a personagem diz, com todas as letras para Bárbara Robinson (está sim negra, irmã de Jerome, também
negro): EU sou branca. Se quiserem impor essa ditadura de uma pseudodiversidade e alterar as caracterÃsticas dos personagens
de uma obra literária em sua transposição para as telas, que o façam - embora também não concorde - com personagens secundários. Nesta série isto já acontece, na medida em que transformam a detetive Betsy Riggins, branca na trilogia mencionada,
na oriental Tanika. Imaginem o que diriam se Holly fosse realmente negra nos livros de King e a transpusessem para as telas como uma personagem branca? Para mim seria errado e desrespeitoso da mesma
forma. Quase desisti de assistir esta série devido a isto. Fiquei feliz quando soube que não haverá uma segunda temporada. Espero que a Audience, que transformou em série televisiva a trilogia Bill Hodges mantendo as caracterÃsticas originais de Holly, consiga os direitos de
Outsider, Com Sangue e Holly e corrija o que fizeram nesta Outsider.